O Banco de Portugal identifica a crise política como mais um fator para aumentar os riscos para a estabilidade financeira do país.
No relatório que está a ser apresentado a esta hora, o banco central admite que “o quadro de incerteza política que o país vive é uma nova fonte de risco, apesar da possível aprovação do Orçamento do Estado para 2024.
“Acrescentámos também uma nova fonte de risco em Portugal que é o atual quadro de maior incerteza política no nosso país, sendo que consideramos que o mitigante para este risco novo é expectável a aprovação do Orçamento do Estado para 2024, que foi proposto pelo atual Governo”, sinaliza a vice-governadora do BdP, Clara Raposo.
De acordo com Clara Raposo, a aprovação do Orçamento do Estado “reduz de certa forma alguma incerteza nas previsões que possamos fazer para o próximo ano”, mas também a subida de rating recente “dá alguma noção de que a forma como a dívida portuguesa é avaliada é considerada com um nível de menor risco do que aquilo que tínhamos há uns anos”.
A vice-governadora do BdP alerta ainda para o risco de um abrandamento da economia.
“Naturalmente um cenário de maiores custos de dívida, desaceleração da economia poderá trazer uma pressão acrescida sobre as contas públicas”, admite.
Clara Raposo explica que no que diz respeito às famílias, “um cenário de desaceleração da economia e eventual aumento de desemprego, taxas de juro, que não desçam tão rapidamente quanto as famílias desejem, pode também trazer um aumento do potencial de incumprimento, particularmente nas famílias mais vulneráveis”.
“E o mesmo, de certa forma, no que diz respeito ao setor não financeiro, às empresas que se financiam a custos mais elevados e que se encontrarem uma economia mais acelerada, terão mais dificuldades em fazer com que os seus negócios sejam rentáveis”, acrescenta.
Já o governador do Banco de Portugal espera a inversão, em breve, do aperto financeiro motivado pelo aumento das taxas de juro.
“Estamos num ciclo de taxas de juro de política monetária que foi muito intenso, que está a ser um significativo aperto das condições financeiras, mas que se espera que esteja em condições agora, no futuro próximo, de inverter”, destaca Mário Centeno.
No entanto, em termos reais, as taxas de juros deverão ainda subir antecipa o governador.
“A taxa de juro real vai continuar a subir nos próximos meses. E isto é o efeito combinado das taxas de juro elevadas, ainda que do ponto de vista da decisão daquelas que são as taxas diretoras do BCE elas estejam estáveis, com a descida da inflação, a taxa de juro real continua a subir”, adverte.