O presidente da Câmara de Chaves exigiu, esta segunda-feira, que o Ministério da Saúde encontre “soluções estáveis” para a urgência pediátrica do hospital local.
Esta valência encerrou às 8 horas desta segunda-feira e só vai reabrir no dia 9 de outubro. O motivo apontado para este fecho é a dificuldade de recursos humanos para preencher as escalas de serviço.
Nuno Vaz mostra-se preocupado e insta o Governo a encontrar soluções que permitam manter o serviço aberto 24 horas por dia, sete dias por semana.
“Estamos a viver tempos em que o portfólio, digamos, o nível de resposta de qualidades de saúde nesta dimensão pode ser reduzido. Isso é uma grande preocupação, porque todos nós sabemos que uma das principais preocupações das nossas populações é o acesso aos cuidados médicos e particularmente na dimensão da urgência, emergência, e, por isto, naturalmente, o que nós pedimos, o que nós exigimos em nome da nossa população é que se encontrem soluções estáveis para o futuro, eventualmente alterando o modelo, eventualmente alterando alguns supostos, alguns postulados”, diz o autarca.
Para Nuno Vaz, o que parecia ser “uma questão conjuntural” - o encerramento pela quinta vez da urgência pediátrica - mostra tratar-se de uma “questão estrutural” que urge resolver, para não deixar a descoberto a população de vários concelhos, obrigados a recorrem a Vila Real.
“O que está aqui em causa é, de facto, um risco enormíssimo de muitos territórios, particularmente territórios do interior, em que já tem um défice de prestação de cuidados”, argumenta o autarca.
Problema transversal a todo o país
Na visão do presidente da Câmara de Chaves, “é fundamental olhar para este problema” que “não é uma questão transitória, mas que poderá ser uma questão com alguma continuidade”, em todas as dimensões.
“Sim, digamos de todas as partes: dos utentes, dos médicos, de quem gere a saúde, naturalmente o Ministério da Educação da Saúde, para que, efetivamente, nós possamos encontrar respostas adequadas para que as populações não fiquem a descoberto, como vão ficar hoje as populações na dimensão pediátrica de Chaves, Montalegre, Valpaços, Boticas”, defende.
Questionado pela Renascença sobre que meios vai a autarquia usar para tentar reverter a situação, Nuno Vaz diz que “a Câmara, em matéria de saúde tem competência zero”, no entanto, promete “somar-nos à indignação e também por esta via, desta manifestação de desagrado e protesto veemente” e junto do conselho de administração do centro hospitalar e das estruturas de nível superior, bater-se por uma solução.
“Temos a noção que Chaves não é apenas o único problema, há um conjunto de hospitais nesta situação e daí que essa preocupação aumenta, porque há aqui indícios que é um problema transversal ao país”, nota.
“Se é um problema transversal, eu credito que só com soluções novas, diferentes, não com panaceias, é que, claramente, conseguirmos encontrar uma solução”, defende.
“Este problema que na minha perspetiva é estrutural, precisa de uma resposta estrutural e ela tem que ser encontrada, ela tem que ser claramente desenhada naquilo que são os recursos disponíveis”, acrescenta.
Por isso, o autarca socialista garante que não abdica de ter em Chaves “urgência pediátrica 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano”.
ULS não são solução
Num tempo em que se discute a questão da reorganização das unidades de saúde e de que o modelo único a nível nacional serão as ULS, o presidente da Câmara flaviense considera que “este é um mau princípio, porque se nós acharmos que as ULS vão centralizar e vão trazer para as unidades centrais todas as respostas, então, claramente o que vai acontecer é que as unidades e as populações mais periféricas vão ficar desprotegidas”.
“Este é um primeiro sinal nesse sentido. Perante uma dificuldade, perante a dificuldade de encontrar recursos pediatras nas três unidades de hospitalares, o que é que decidiu o centro hospitalar, o que é que decidiu o chefe da do Serviço de Pediatria? - Foi concentrar todos os recursos”, exemplifica, concluindo que “este é um “mau prenúncio e está aqui um indício que, porventura, a ULS não será a solução, ou, pelo menos, a ULS que está desenhada a nível de toda a região que vai desde Chaves quase até Viseu”.
“Está aqui um primeiro indício de que, provavelmente, essa solução com essa dimensão, com essas características, não será a melhor solução”, remata.