Estação de Campanhã, no Porto. Primeiro dia da "lei Uber". À porta da estação, como de costume, os táxis enchem a praça que lhes é destinada, à espera dos clientes que chegam de comboio.
Esta quinta-feira entra em vigor a lei que regulamenta as plataformas eletrónicas de transporte e, por isso, chamamos um Uber.
É Jorge quem vem ao volante. Motorista há pouco mais de um mês, trocou um trabalho na área da restauração para poder "juntar o útil ao agradável": aliar o gosto pela condução a um ordenado no fim do mês.
Mesmo sendo novo nestas andanças, Jorge tem tido uma "convivência pacífica" com os taxistas. "Às vezes até ajudam", diz. E exemplifica: "quando calha ter as luzes apagadas, eles avisam".
Histórias de conflitos, só mesmo no início da operação da empresa, há mais de um ano, quando "partiram um vidro do carro e lançaram ovos para dentro do carro". "Foi uma coisa esporádica", diz Jorge.
Atualmente, nem ele, nem os colegas têm razões de queixa, mas recorda-se dos tempos em que a Uber "aconselhava as pessoas a pedirem o Uber do outro lado da estação para que não houvesse atritos com os táxis".
Porém, ainda hoje os carros das plataformas eletrónicas preferem apanhar os passageiros nas traseiras da Estalão de Campanhã ou mais próximo da estação de metro, um pouco mais distante da praça de táxis e fora do raio de visão dos taxistas.
Com a entrada em vigor da nova lei, as plataformas vão ter de pagar ao Estado uma espécie de taxa sobre a comissão que cobram por cada viagem. Questionado sobre se isso se vai refletir no aumento dos preços das viagens, Jorge afirma que, para já, a empresa para onde trabalha ainda não subiu os valores.
Jorge conduz-nos num carro elétrico, pertencente à empresa onde trabalha. Também nesse aspeto há mudanças a partir desta quarta-feira, uma vez que os carregamentos nos postos rápidos passam a ser pagos. Nada que afete este motorista, que costuma carregar nos postos de carregamento instalados na sede da empresa.