Os carros a gasóleo são piores para as alterações climáticas, não só poluindo mais como também emitindo mais gases com efeito de estufa do que os carros a gasolina. É a conclusão de um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, a que pertence a associação portuguesa Zero.
"Por um lado, mostra que não é apenas nos óxidos de azoto – o grande motivo para o escândalo 'dieselgate', da Volkswagen – mas também ao nível do dióxido de carbono as emissões são realmente muito maiores e temos uma Europa demasiado ligada ao gasóleo", afirma o ambientalista Francisco Ferreira, na Renascença.
Segundo o responsável da Zero, "em cada 10 carros que se produz na Europa a gasóleo, a Europa vai usar sete".
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente considera que o mercado automóvel europeu “é distorcido a favor do gasóleo”, nomeadamente através de regulamentos “tendenciosos e impostos injustos”.
A quota de carros a gasóleo na China e nos Estados Unidos corresponde a 2% e 1%, respectivamente.
Segundo a análise do ciclo de vida dos carros a gasóleo e dos carros a gasolina feita por aquela, o maior impacto ambiental dos carros a gasóleo deve-se ao processo de refinação deste combustível, que tem um uso mais intensivo de energia, e ainda à necessidade de utilizar mais materiais na produção de motores mais pesados e complexos.
Também contribui para um maior impacto climático o facto de haver emissões mais elevadas do biodiesel misturado no gasóleo.
Por tudo isto, os carros a gasóleo emitem mais 3,65 toneladas de CO2 ao longo da sua vida do que os carros a gasolina.
“Esta análise desacredita a afirmação dos fabricantes de automóveis de que carros a gasóleo são necessários para atingir os seus objectivos climáticos”, refere a associação Zero, parceira da Federação Europeia de Transportes e Ambiente.
Dois anos depois do ‘dieselgate’ – com a descoberta de que alguns fabricantes de carros usavam um dispositivo para manipular as emissões de poluentes nos testes - a Federação Europeia de Transportes e Ambiente alerta que existem “mais de 37 milhões de carros e carrinhas ilegalmente poluentes que circulam por toda a Europa”.
“É hora de os fabricantes de automóveis assumirem a responsabilidade pela limpeza e financiamento das medidas locais para combater a crise da poluição atmosférica urbana que em grande parte causaram”, argumenta a federação.