O Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, ordenou a expulsão de todos os diplomatas venezuelanos no prazo de 48 horas.
"O Governo de El Salvador expulsa o corpo diplomático do regime de Nicolas Maduro, consistente com as repetidas declarações do Presidente Nayib Bukele, que não reconhece a legitimidade do Governo de Maduro" e "os diplomatas venezuelanos têm 48 horas para deixar o território nacional", anuncia um comunicado da Presidência, divulgado sábado à noite (já domingo em Lisboa) no Twitter de Bukele.
O comunicado lembra as graves violações dos direitos humanos na Venezuela e reconhece a legitimidade do presidente interino, Juan Guaidó – reconhecido por cerca de 50 países.
"El Salvador sempre será a favor da democracia e da defesa dos direitos humanos; portanto, apoiará o voto livre, supervisionado pela comunidade internacional e que garantirá a vontade do povo irmão da Venezuela", lê-se ainda na nota publicada.
Segundo um relatório da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Governo venezuelano reportou 5.287 mortes devido à "resistência à autoridade" em 2018 e outras 1.569 entre 1 de janeiro e 19 de maio de 2019.
Muitos desses casos, podem constituir execuções extrajudiciais, indicava a comissária chilena Michelle Bachelet em julho.
Além de violações dos direitos humanos e detenções arbitrárias, o Governo do Presidente Nicolas Maduro é responsabilizado pela grave crise económica que o país atravessa.
Mas Maduro continua a ser apoiado na ONU pela Rússia e pela China.
Boa relação com Washington
Antes de assumir o cargo, no início de junho, Nayib Bukele afirmou que pretendia manter um relacionamento "distante" com Caracas e estreitar os laços com os Estados Unidos.
Este domingo, o embaixador dos Estados Unidos em El Salvador, Ronald Johnson, recebeu a decisão com satisfação: "Saudamos o Governo do Presidente Nayib Bukele por garantir que El Salvador esteja do lado certo para a história", escreveu o embaixador no Twitter.
Desde que Bukele chegou ao poder, as relações entre San Salvador e Washington melhoraram após a assinatura de um acordo de asilo, como aconteceu com a Guatemala e Honduras.
Além disso, na semana passada, Washington anunciou uma extensão para que os cerca de 250.000 salvadorenhos sob o Estatuto de Proteção Temporária (TPS) possam residir e trabalhar legalmente no país.
No plano das relações diplomáticas, o Presidente salvadorenho tem mantido distância da Nicarágua, aliada da Venezuela e cujo governo concedeu asilo e, mais recentemente, a nacionalidade ao ex-presidente Mauricio Funes (2009-2014), perseguido pela justiça salvadorenha por atos de corrupção.