No documento, divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a construtora explicou que o ano de 2021 “foi particularmente difícil, tendo sido muito influenciado por efeitos não recorrentes resultantes de factos excecionais ocorridos na Argélia e Venezuela, bem como pelos impactos económicos derivados da situação de pandemia covid-19, que foram muito expressivos nas geografias onde o grupo opera”.
O grupo detalhou depois que, “na sequência da decisão imprevisível, tomada pela empresa pública Venezuelana Bolipuertos, S.A. que, em síntese, se traduziu na notificação da decisão de pôr termo à Aliança Estratégica para a Operação e Gestão Portuária do Terminal Especializado de Contentores do Porto de La Guaira, celebrada com a Teixeira Duarte – Engenharia e Construções, S.A. e que vigorava desde 1 de abril de 2017 e a inerente ocupação, em 15 de outubro de 2021, pela referida Bolipuertos, S.A., das instalações afetas à Aliança”, o Conselho de Administração da Teixeira Duarte “decidiu reconhecer nas contas do exercício os efeitos da perda da concessão da exploração do porto de La Guaira que vigoraria até 31 de março de 2037”.
Este reconhecimento, traduziu-se numa redução do Ativo Intangível e “agravamento do resultado líquido de 26.919 milhares de euros”, sendo que o grupo espera “que a ausência de fundamento legal para a mencionada atuação inesperada, abusiva e lesiva dos interesses da empresa dê lugar à correspondente indemnização por perdas e danos”.
A empresa deu ainda conta de “uma sentença judicial de última instância proferida no dia 17 de fevereiro de 2022 por tribunal argelino no âmbito de um processo respeitante a um parceiro da Teixeira Duarte – Engenharia e Construções, S.A.”, que “colocou em causa as condições operacionais e financeiras que permitiam assegurar a normal execução de seis empreitadas públicas contratadas na Argélia”.
De acordo com a empresa, “apesar de se tratar de um evento subsequente, o Conselho de Administração deliberou reconhecer nas contas do exercício de 2021 os efeitos decorrentes da suspensão da atividade daquelas seis empreitadas públicas, cujo impacto estimado se traduz num agravamento do resultado líquido de 61.120 milhares de euros, bem como numa redução do passivo de 13.722 milhares de euros e uma redução do ativo de 74.842 milhares de euros”.
De acordo com o relatório, no ano passado os rendimentos operacionais do grupo diminuíram 11,8% face a 2020, atingindo 637,4 milhões de euros, sendo que “esta diminuição é explicada essencialmente pela suspensão da atividade em seis empreitadas na Argélia, e decorrente do desreconhecimento de acréscimos de rendimentos dessas seis empreitadas”.
Paralelamente, as vendas e prestações de serviços atingiram 539,2 milhões de euros, “o que reflete uma diminuição de 11,4% face a 2020”.
“Os mercados externos registaram diminuições 18,5% das vendas e prestações de serviços na sua globalidade, que corresponde a uma redução de 77.919 milhares de euros, sendo que, o mercado argelino conforme referido anteriormente, afetou negativamente as vendas e prestações de serviços com 73.123 milhares de euros”, destacou a empresa, que realçou os bons desempenhos do Brasil e Moçambique, com aumentos de 24,5% e 68%, respetivamente.
O EBITDA atingiu 34,5 milhões de euros negativos, uma performance “influenciada pelo reconhecimento de perdas pela suspensão das seis empreitadas na Argélia de 88.569 milhares de euros”, destacou.