A nova ala pediátrica do hospital de São João, no Porto, deve estar concluída e pronta para acolher as crianças daqui a cerca de dois anos, estimou esta quarta-feira o ministro da Saúde no Parlamento.
Numa resposta ao deputado Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, o ministro da Saúde disse que o lançamento do concurso para projeto e obra da ala pediátrica daquele hospital do Porto será feito este ano.
"Teremos, no máximo, em dois anos e pouco as crianças a ser tratadas condignamente no novo espaço", afirmou o ministro Adalberto Campos Fernandes na comissão parlamentar de Saúde, lembrando que, entretanto, é necessário "melhorar a situação transitória" em que estão acolhidas as crianças.
O Bloco de Esquerda tinha interpelado o ministro, exigindo respostas concretas sobre quando começarão as obras da nova ala pediátrica do hospital de São João, no Porto.
Campos Fernandes lembrou que "não foi este Governo nem este primeiro-ministro que, duas vezes, foi a São João lançar pedras ou placas", numa referência ao anterior executivo.
Já numa audição parlamentar na semana passada, o ministro das Finanças, Mário Centeno, tinha referido que este Governo não faria lançamento de primeiras pedras sem um respetivo financiamento e planeamento, aludindo ao que fez o executivo de Pedro Passos Coelho.
A falta de condições de atendimento e tratamento de crianças com doenças oncológicas foi denunciada na semana passada por pais de crianças doentes que são atendidas em ambulatório e também na unidade do 'Joãozinho', para onde são encaminhadas quando têm de ser internadas no Centro Hospitalar de São João.
Outros investimentos na Saúde
Na comissão parlamentar, o ministro da saúde anunciou ainda a abertura de um novo concurso para técnicos de emergência hospitalar do INEM, bem como o início das obras, na próxima semana, no serviço de neurocirurgia do Hospital de São João.
Apesar destes investimentos, Adalberto Campos Fernandes admitiu existirem dificuldades de funcionamento em agrupamentos de centros de saúde e outras unidades de saúde por falta de assistentes operacionais.
"É verdade que nalguns ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] e nalguns centros de saúde nós temos dificuldades até de horário de funcionamento, não por falta de médicos ou enfermeiros, mas por falta de assistentes operacionais", afirmou.
A questão da evolução dos recursos humanos foi levantada pela deputada do PCP Carla Cruz, uma situação que Adalberto Campos Fernandes disse estar a acompanhar "com preocupação".
"Temos feito um esforço grande ao nível de médicos e de enfermeiros, mas a nível de assistentes operacionais ainda estamos atrasados na recomposição das necessidades que temos nas diferentes unidades", disse.
Segundo o ministro, o objetivo da contratação destes profissionais ainda não foi conseguido.
Nos últimos dois meses "teriam sido recrutados mais cerca de 250 ou 260", mas ainda "é insuficiente", reconheceu o ministro da Saúde.
Dirigindo-se a Carla Cruz, Adalberto Campos Fernandes disse que tem a mesma visão que o PCP sobre a qualificação dos recursos e sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
"A única divergência que temos é sobre a velocidade dessa recuperação e sobre a capacidade de resolver mais depressa problemas que estão atrasados", sublinhou.
Mas "totalmente diferente é fazer ataques sistemáticos e diários ao SNS para o denegrir e para o diminuir, omitindo a verdade e omitindo o esforço que está a ser efeito nos últimos dois anos", sustentou.