O ministro da Saúde admite a criação de equipas dedicadas ao serviço de urgência. O presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, diz que é uma reivindicação antiga que, se já tivesse sido generalizada, não teríamos a crise que estamos a atravessar nos hospitais.
“Nos locais onde funcionaram equipas dedicadas, em vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde como o Hospital São João, em Loures, em Cascais e noutros, estas equipas funcionaram em com excelentes resultados em todas as dimensões, da qualidade dos cuidados, na satisfação dos doentes até na redução de custos”, afirma Xavier Barreto, em declarações à Renascença.
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares considera, por isso, que “não há razão para que elas não sejam disseminadas em todo o serviço nacional”.
“É claro que isso obriga à definição de uma outra estrutura de incentivos. Não podemos pagar a estes profissionais não tendo em conta a penosidade do trabalho, que obriga a fazer noites e fins de semana. É um trabalho difícil, muito exigente e, portanto, naturalmente, tem que ter um quadro de incentivos próprio”, sublinha.
“É isso que esperamos que aconteça e é isso que temos pedido há já muitos meses ao Ministério da Saúde. Infelizmente, não avançou, mas se tivesse avançado, provavelmente, não estaríamos nesta situação”, acredita.
Positivo e negativo do OE2024
Sobre o Orçamento do Estado para 2024, Xavier Barreto lamenta que não esteja prevista a valorização salarial dos quadros mais qualificados do SNS, que vão ter aumentos de 3%.
“Não há a valorização que nós gostaríamos que existisse. Essa valorização é feita para os salários mais baixos, onde existe um aumento de 6,8% e uma recuperação do poder de compra. Mas nós gostávamos que essa ideia fosse estendida aos outros escalões e aos profissionais mais qualificados e isso não aconteceu no Orçamento do Estado.”
Pela positiva, Xavier Barreto destaca o facto de na proposta de Orçamento do Estado ficar previsto que os hospitais deixem de entregar um plano de atividades e orçamento para ser aprovado pelas Finanças, sendo que dependia desta aprovação a capacidade dos hospitais fazerem investimento ou contratarem profissionais.
“Esse plano deixa de existir, passa a ser um outro com outro nome, um plano de desenvolvimento organizacional. E deixa de ser aprovado pelas finanças, passa a ser aprovado apenas e só pelo Ministério da Saúde. Esta é uma mudança importantíssima que nós pedíamos há já muitos anos”, refere o presidente da Associação de Administradores Hospitalares.
Xavier Barreto recorda que, este ano, só foram aprovados cerca de metade dos planos de atividades e orçamentos entregues pelos hospitais, e com cortes.