O presidente brasileiro, Lula da Silva, pediu esta quarta-feira aos países desenvolvidos para se chegarem à frente com dinheiro, se querem a proteção das florestas tropicais do mundo.
Na Cimeira da Amazónia, os países com florestas tropicais no seu território exigem centenas de milhões de dólares de financiamento climático e um papel mais preponderante na forma como esses recursos são gastos.
“Não é o Brasil que precisa de dinheiro. Não é a Colômbia que precisa de dinheiro. Não é a Venezuela. É a natureza”, disse Lula a jornalistas no segundo dia da cimeira ambiental, na cidade de Belém, no estado amazónico do Pará.
Durante cerca de 200 anos, as nações desenvolvidas e industrializadas poluíram a atmosfera, declarou Lula, “e agora precisam pagar sua quota parte na restauração do que foi destruído”. “É a natureza que precisa de dinheiro. É a natureza que precisa de financiamento”, acrescentou.
O apelo de Lula surgiu depois de horas de reuniões entre os líderes das oito nações da Amazónia e representantes de outras nações com florestas tropicais no seu território, como a República do Congo, a República Democrática do Congo e a Indonésia. Estes países abrigam cerca de 50% das florestas tropicais primárias que restam no mundo.
Na declaração intitulada “Unidos pelas nossas florestas”, os governos desses países reafirmaram o compromisso de reduzir a desflorestação e encontrar formas de conciliar a prosperidade económica com a proteção ambiental. Também expressaram a preocupação com o fracasso dos países desenvolvido em cumprir as metas de mitigação e cumprir a promessa de fornecer 100 Biliões de dólares por ano ao financiamento climático, pedindo que esse valor suba para 200 Biliões de dólares, até 2030.
Lula diz ainda que tem uma mensagem simples para os “países ricos” antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, no Dubai: “Se eles querem efetivamente preservar o que resta das florestas, eles têm de gastar dinheiro – não apenas para cuidar das árvores, mas cuidar das pessoas que vivem sob essas árvores e que querem trabalhar, estudar, comer e.… viver decentemente”.
“É a cuidar desse povo que vamos cuidar da floresta”, acrescentou Lula.
“Hoje, negar a crise climática não passa de uma tolice”, disse o Presidente . “Mas valorizar a floresta não é apenas impedir que as árvores sejam cortadas. Significa oferecer dignidade aos quase 50 milhões de pessoas que vivem na Amazónia.”
Na terça-feira, os oito países amazónicos pertencentes à Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA) publicaram um comunicado prometendo unir-se para evitar que a região da floresta seja conquistada por grupos criminosos ou chegue a um ponto catastrófico, sem retorno.
Atualmente, a desflorestação está a aumentar na Amazónia boliviana. No Brasil, que controla cerca de 60% da Amazónia, a tendência é mais positiva. A desflorestação caiu 42,5% nos primeiros sete meses do governo de Lula.
Lula também prometeu erradicar as empresas “criminosas” que intensificaram o controlo sobre a Amazónia enquanto seu antecessor, "desmantelava as proteções ambientais e indígenas".