A Iniciativa Liberal pede a demissão de João Galamba, que ainda há poucos meses assumiu a tutela do Ministério das Infraestruturas. Porquê?
Porque a CEO demissionária da TAP, Christine Ourmières-Widener, reuniu com o grupo parlamentar do PS antes da audição na Assembleia da República, em janeiro, a propósito da indemnização de 500 mil euros atribuída a Alexandra Reis.
A reunião terá sido sugerida pelo ministro João Galamba, de acordo com a ainda presidente executiva da transportadora portuguesa esta terça-feira.
Trata-se de um caso de condicionamento político?
É esse o entendimento da Iniciativa Liberal. O partido considera ter sido clara a intenção do PS de condicionar os esclarecimentos da CEO da TAP sobre a questão da indemnização.
Nesse sentido, os liberais consideram a reunião inaceitável e por isso pede a demissão de João Galamba. O presidente da IL desafia ainda o primeiro-ministro e o líder parlamentar socialista a pronunciarem-se sobre o caso.
Por que razão pede também esclarecimentos a António Costa?
Porque, alegadamente, também terá havido contactos com assessores governamentais.
João Galamba já se pronunciou sobre esta acusação?
Ainda não, mas certamente será questionado sobre as razões que levaram o seu gabinete a sugerir esta reunião.
O que diz o Partido Socialista?
Fala em "fait-divers". Carlos Pereira, do PS, e que esteve presente nessa reunião, diz ter sido um encontro normal, de cariz preparatório. Acrescenta ter-se tratado de uma videoconferência, não presencial.
Mas é habitual haver reuniões prévias dos grupos parlamentares com personalidades a ser ouvidas no Parlamento?
Não, ou pelo menos não são conhecidas publicamente. Daí a estranheza para com a situação e o pedido de demissão do ministro das Infraestruturas.
Haverá mais algum indício de condicionamento político da TAP?
Sim. Para fundamentar essa acusação, a IL refere outro dado revelado na comissão parlamentar, em que a CEO da TAP não negou que o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, tenha pedido à empresa para adiar um voo de Moçambique, no qual embarcaria o Presidente da República. Porquê?
Porque Marcelo precisava de ficar mais tempo naquele país. Christine Ourmières-Widener admitiu que a sua intenção era negar esse pedido, mas o governante terá obrigado, ou pelo menos sugerido à CEO aceitar o adiamento, por considerar que o Presidente era um "aliado político" - e que seria um "pesadelo" se Marcelo se pronunciasse em prejuízo da TAP.