Passos Coelho vincou esta segunda-feira que é militante do PSD e não do Chega, aproveitando a apresentação de um livro para pressionar Luís Montenegro a entender-se com o partido de André Ventura, referindo que as pessoas "começam a maçar-se com o teatro" de se fazer "desentendido".
À entrada da apresentação do livro “Identidade e Família”, que reúne 22 contributos que alertam contra a “destruição da família” tradicional e a "ideologia de género", o ex-primeiro-ministro foi questionado sobre as suas visões e se está mais próximo do Chega que do PSD, rejeitando o cenário.
“Sou do PSD, não há ninguém que tenha dúvidas sobre isso”, vincou, mostrando-se, no entanto, “muito satisfeito” por saber que André Ventura marcou presença no evento, onde o ministro da Defesa, Nuno Melo, foi o único membro do Governo presente.
Sobre um possível entendimento entre PSD e Chega, Passos Coelho afirma que se devem tratar as pessoas "com inteligência". "Devemos respeitar as suas escolhas e decisões, sabendo que cada um tem o seu argumento. Se for genuíno, é relevante, e deve ser confrontado com os outros. A melhor forma de o fazer é através das instituições, do Parlamento, do Governo", afirmou.
E refere ainda que há "muitas pessoas" que se começam a aborrecer com uma "linguagem deliberada para nos fazermos desentendidos": "Era preferível oferecermos uma imagem diferente. Há muitas pessoas que se começam a maçar desse teatro, porque não é uma posição genuína, não é autêntica. É posicional, é tática."
Confessando que foi convidado a contribuir para a obra, “mas não o conseguiu fazer”, Passos Coelho considera que a importância da família “merece uma discussão séria”: “É uma matéria que acho que é fundamental na discussão do espaço público em Portugal - e não só -, e a discussão em torno da família, da identidade e da íntima conexão que existe entre estes conceitos.”
O antigo chefe de Governo afirmou que, atualmente, há “muitos desafios” à família. “A família nem sempre é considerada nas políticas públicas, como muitas vezes as políticas públicas desconsideram a família, em qualquer das suas visões. E isso não é bom”, afirma, considerando que o livro com 22 contributos caracterizados como “anti progressistas” “permitem uma discussão” do tema.
“A mim impressiona-me um bocadinho que o espaço público esteja demasiado dominado por caricaturas. Colam-se demasiados rótulos às coisas, não por uma questão de simplificação, mas há hiper simplificações que são feitas com um objetivo próprio: o de agredir, desqualificar, diminuir, e isso não é bom para o debate”, conclui.
O livro, que está à venda desde 12 de março mas só esta segunda-feira foi apresentado, foi coordenado pelos quatro fundadores do Movimento Acção Ética - António Bagão Félix, Pedro Afonso, Paulo Otero e Victor Gil - e fala da família como “natural, universal e intemporal”.
Em “Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”, que inclui ainda textos de nomes como Jaime Nogueira Pinto, Manuel Clemente, Manuela Ramalho Eanes, João César das Neves, Isabel Galriça Neto, Guilherme D’Oliveira Martins ou José Ribeiro e Castro, questionam ainda questões como o aborto, a eutanásia e a ideologia de género.
[artigo atualizado às 20h17]