O presidente do Sindicato Independente dos Médicos compreende que o Primeiro-ministro tenha aceitado o pedido de demissão da Ministra da Saúde. Roque da Cunha espera que o próximo governante tenha capacidade de diálogo e não utilize a propaganda como forma de resolver os problemas.
Em declarações à Renascença, constata que nos últimos meses se assistiu a uma dissociação face relação à realidade. “Ainda no fim de semana passado, a Dra. Marta temido afirmou que tinha havido uma contratação de milhares de profissionais, quando a própria Direção-Geral de Saúde veio reforçar a necessidade contratação nos próximos tempos”.
Outra crítica apontada está relacionada com a incapacidade da “ministra de fazer valer a necessidade de investimento no SNS junto do ministro das Finanças”.
Para Roque da Cunha outro sinal preocupante é facto de cinco milhões de portugueses já terem necessidade de recorreram a seguros de saúde.
E quanto ao que espera da próximo Ministro ou Ministra da Saúde? “Gostaríamos que pudesse ser alguém que conhecesse o sector; que tivesse junto do sr. Ministro das Finanças a capacidade de demostrar que investindo hoje vai-se poupar no futuro, pois o facto de não se ter acompanhado as doenças crónicas e rastreio estamos a sentir um aumento da mortalidade e da morbilidade; com capacidade de diálogo, aproveitando a disponibilidade que os sindicatos têm demonstrado ao longo dos anos; que possua sensatez e que não utilize a propaganda como forma de resolver os problemas”.
O gabinete de António Costa confirma que recebeu o pedido de demissão da ministra. O Primeiro-ministro "respeita" a decisão e aceita o pedido, tendo já comunicado ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A saída da ministra da Saúde acontece após a morte de uma mulher após uma cesariana de urgência no Hospital São Francisco Xavier. A grávida de 31 semanas tinha sido transferida de Santa Maria por falta de incubadoras no serviço de Neonatologia e sofreu uma paragem cardiorrespiratória durante o transporte.
Foi ministra durante os três últimos três executivos, liderados pelo socialista António Costa.
Marta Temido também foi subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e presidente do conselho diretivo da Administração Central do Sistema de Saúde, assim como membro do conselho de administração de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde.