No “Palavras Para Um Lugar”, jovens acompanhados pela equipa de integração comunitária da Santa Casa da Misericórdia têm um lugar para contar a sua história e os problemas que enfrentaram para chegar ao país.
Miguel Lamas, técnico na área da educação social da Santa Casa, é a cabeça por detrás deste podcast, que está em pausa durante o verão, mas que volta em força em setembro. Esteve à conversa com Sónia Santos na Renascença.
Ouviu histórias incríveis?
Ouvimos histórias incríveis, já tínhamos essas histórias contadas na primeira pessoa pelos jovens e apareceu exatamente esta ideia de passar a quantidade de narrativas dos diversos jovens.
Na equipa de integração comunitária temos o princípio de que ‘trabalhamos maioritariamente com migrantes, mas gostamos mais de dizer que trabalhamos com pessoas’. Cada uma é única e indivisível. Estou convencido, aliás, que qualquer história é passível de passar a um filme, desde que seja bem contada.
O Miguel é um amante da literatura. Foi assim que surgiu a ideia deste podcast, para ouvir todas essas histórias?
A ideia foi a ideia surgiu dentro da equipa. Temos objetivos de criar projetos que possam dar voz ao trabalho que desenvolvemos e a ideia apareceu-me depois de desenvolver um projeto no estabelecimento prisional em que desenvolvia corpo, interpretação e voz com um conjunto de reclusos.
E pensei: 'Eh pá, foi tão interessante aquilo que se passou no estabelecimento prisional. Gostava de fazer alguma coisa na Santa Casa com estes jovens’ e decidi fazer um podcast. Foi a primeira vez, foi um trabalho de carolice. Vou trazer a minha expertise da literatura e das histórias, o mote dos direitos humanos que para mim era fundamental. Dar voz a estas pessoas que normalmente não têm espaço para ter essa voz. Acho que isso também é uma forma de trazer uma determinada tolerância aos debates na atualidade.
Neste podcast, portanto, temos jovens apoiados pela Santa Casa com grandes histórias de vida. É essencial conhecer estes casos que parecem de filme.
Nós conhecemos muito bem, temos um diretor e técnicos que trabalham diretamente, cada um de nós, com 12 jovens.
Acompanhamos nesta medida de autonomia de vida e, por isso, o jovem aluga o seu próprio quarto e toma conta da sua vida total. Nós somos os gestores do processo de promoção e proteção e, por isso, ele está obrigado, entre os 15 e os 25 anos, a fazer um trabalho de autonomização enorme.
Temos uma proximidade muito grande com eles, a conversar com eles. Quando vamos a um centro de saúde, quando vamos tratar da legalização, podemos ter um atendimento num café, podemos ter uma conversa no meio de um parque e, por isso, as histórias vão surgindo naturalmente.
O podcast está agora a fazer uma pausa. Quando é que volta?
Volta em Setembro para uma segunda temporada. Como sou eu que faço podcast todo e o edito é bastante complicado fazer tudo sozinho, então tive que parar porque o trabalho já é em si também é muito exigente.