As concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera responsáveis pelas alterações climáticas atingiram um nível recorde em 2016, anunciou a Organização Mundial de Meteorologia, que alerta para uma possível "subida perigosa da temperatura".
"A última vez que a Terra registou um teor de dióxido de carbono comparável foi há três a cinco milhões de anos: a temperatura era 2º a 3ºC [Celsius] mais elevada e o nível do mar era superior em 10 a 20 metros relativamente ao actual", refere a agência das Nações Unidas, no seu boletim anual sobre gases com efeito de estufa.
Os gases com efeito de estufa tinham já ultrapassado o limiar de 400 por milhão (ppm) em alguns meses, em locais específicos, mas nunca numa base anual global, indicou a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência das Nações Unidas.
No último boletim sobre gases com efeito de estufa, a OMM também registou um “aumento para novos recordes” este ano das taxas de concentração de CO2, prevendo que a média anual se mantenha acima dos 400 ppm “por muitas gerações”.
O aumento da concentração de CO2 deve-se em parte a um forte “El Niño”, fenómeno meteorológico que se regista a cada quatro ou cinco anos com um efeito de aquecimento generalizado.
O “El Niño” deu origem a “secas nas regiões tropicais e reduziu a capacidade de absorção do CO2 de florestas, vegetação e oceanos”.
Petteri Taalas, responsável da agência, com sede em Genebra, advertiu que apesar de o fenómeno ter diminuído “as alterações climáticas não”.
Taalas aplaudiu o acordo conseguido em Kigali no início deste mês, que visa a eliminação faseada dos hidrofluorocarbonetos (HFC), uma categoria de gases com efeito de estufa muito acentuado, mas altamente usada em frigoríficos e aparelhos de ar condicionado.
O responsável da OMM advertiu que sem uma acção semelhante para eliminar as emissões de CO2, o mundo vai continuar a falhar os objectivos definidos no acordo histórico de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.
Um relatório da Agência Europeia do Ambiente (EEA, sigla em inglês) revela que a poluição do ar causou 520.000 mortes prematuras em 2013, das quais 6.640 em Portugal.