O livro “Irene Vilar (1930-2008), Catálogo Geral” reúne 700 obras fotografadas e estudadas por especialistas e é da autoria de D. Carlos Azevedo, o delegado do Conselho Pontifício para a Cultura do Vaticano.
A publicação, agora apresentada na Igreja dos Clérigos no Porto, contém 470 páginas, e nela é descrita a obra artística de Irene Vilar, autora de obras simbólicas de arte sacra presentes em numerosas igrejas e espaços da diocese e da cidade do Porto.
Em entrevista à Renascença, D. Carlos Azevedo destaca a polivalência e capacidade de trabalho, assim como a “ousadia” da escultora.
D. Carlos Azevedo, o que é que vamos poder encontrar nesta obra?
Vai encontrar o conjunto da obra de uma grande escultora portuguesa que deixou, não só obra de arte pública, como medalhística, como desenho, como aquela escultura que é de dimensão profana e também de temática religiosa. É uma polivalência grande de atividade artística que é reunida agora com 700 obras fotografadas e estudadas por especialistas nestas diferentes áreas.
Na temática litúrgica, na temática da medalhística, da ourivesaria, numismática, porque ela também fez oito moedas comemorativas da Imprensa Nacional Casa da Moeda. E a última foi do Porto Capital Europeia da Cultura e, depois, da presidência portuguesa da Comunidade Europeia.
Estamos a falar de trabalho de preparação longo e demorado, que lhe deu gosto, por estarmos perante alguém que tem uma relevância cultural particular na história da escultura em Portugal?
É uma pessoa que, para além da amizade pessoal e de uma relação espiritual de acompanhamento, entendo como um valor da cultura portuguesa. Desde os anos 50, ela fez a tese de doutoramento na Faculdade de Belas-Artes do Porto, com 20 valores em 1955, e a partir daqui começou a produzir obras, sobretudo quando deixou o ensino. Era professora, ao mesmo tempo que dirigiu a Escola Clara de Resende e, depois, quando ficou livre do ensino pôde dedicar-se plenamente à escultura, a partir dos anos 80.
Se tivesse que destacar algumas obras de Irene Vilar, quais as que lhe viriam, em primeiro lugar, ao pensamento?
Eu destacaria a obra que ela diz que mais lhe custou fazer. A de Guilhermina Suggia, que está em frente à Fundação António de Almeida, uma obra fenomenal. Só não a pus na capa porque não é conhecida e está num sítio muito escondido. E, depois, o Camões, da Avenida Brasil, com aquela máscara que é de uma ousadia, tendo em conta a época, pois estamos a falar dos anos 80. E, claro, a capa deste catálogo, com o anjo mensageiro que está na Foz do Douro, e que toda a gente conhece. Por último, “A Estatua Abraço de Macau”, o grande monumento que, em Macau, ficou a assinalar a presença portuguesa e que é também obra dela.