Os 16 autarcas do Algarve pedem a demissão do presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), Tiago Oliveira.
Os autarcas algarvios dizem que não têm confiança, nem reconhecem competência a Tiago Oliveira para ocupar o cargo.
António Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve, diz à Renascença que as declarações do presidente da AGIF são "inaceitáveis".
“Esta explicação é de quem passa um ralhete a uns miúdos que não sabem o que fazem. Não há condições do Sr. Engenheiro continuar a desempenhar as suas funções numa entidade com esta missão que tem que pôr em prática um plano para o país, sendo os autarcas um dos principais parceiros das políticas do Governo”, afirma António Pina.
“Aquilo que dizemos é: por favor. Sr. Engenheiro, reflita e perceba que não tem condições para o desempenho destas funções. Demita-se”, apela o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve.
Contactado pela Renascença, Tiago Oliveira recusou comentar esta posição dos autarcas algarvios.
Em causa as declarações do presidente da AGIF, quinta-feira, no Parlamento, em que considerou que “há municípios a gastar meio milhão de euros, uma barbaridade de dinheiro, nos bombeiros, quando não gastam dinheiro a gerir a floresta”.
Tiago Oliveira apelou aos deputados da comissão parlamentar de Agricultura e Pescas para que “saiam da discussão dos meios aéreos” e “do eucalipto”, considerando que estas questões não resolvem o problema dos incêndios florestais.
Ouvido a propósito do relatório de atividades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais de 2022, Tiago Oliveira afirmou que “não são necessários tantos meios aéreos” para o combate aos incêndios florestais, sendo esta indicação técnica e do conhecimento.
As declarações do presidente da AGIF também levaram a Liga dos Bombeiros Portugueses a desmentir Tiago Oliveira, que disse que os corpos de bombeiros recebem em função da área ardida, e a exigir um pedido de desculpas.
Em comunicado, a Liga dos Bombeiros refere que a afirmação de Tiago Oliveira “é totalmente falsa e desprovida de prova e de senso, porque os corpos de bombeiros não têm independência financeira, dependendo das Entidades Detentoras de Corpos de Bombeiros, como as Associações Humanitárias de Bombeiros”.
NA sequência das declarações do presidente da AGIF, o Grupo Parlamentar do PSD acusou esta sexta-feira o Governo PS de “inação e de fracassar” na prevenção de incêndios florestais, apontando a necessidade de se operacionalizarem “verdadeiras políticas florestais”.
“Considera o PSD que perante os últimos acontecimentos [incêndios], por toda a Europa, a inação do Governo PS precisa de ser urgentemente revertida para que se operacionalizem verdadeiras políticas florestais através da gestão e da prevenção de incêndios rurais”, consideraram os deputados sociais-democratas, em comunicado.
[notícia atualizada às 20h13]