Quando começou a ser visível a ameaça russa à Ucrânia, ainda existia a esperança de que não viesse a dar origem a uma agressão efectiva e a uma guerra brutal e completamente injustificada. Infelizmente, porém, por culpa indiscutível da Rússia, estamos hoje confrontados com uma situação que se traduz em pesadas perdas de vidas humanas - muitas delas inocentes - e em destruições em larga escala.
Esta a face mais trágica da guerra. Mas não podemos esquecer também os efeitos muito negativos que tem sobre os sobreviventes e sobre a situação económica geral, a nível não só europeu, mas também global. No momento em que escrevo, avalia-se em cerca de um milhão o número de refugiados ucranianos nos países limítrofes e provavelmente este número irá aumentar ainda mais. Trata-se de uma catástrofe humanitária que vai exigir um esforço económico de grande dimensão por parte dos países europeus para prestar o apoio de que os refugiados necessitam e têm direito. É uma situação que demorará muito tempo a ser resolvida mesmo que a guerra não se prolongue.
Do ponto de vista económico, os efeitos são também eles, muito negativos, principalmente através das consequências directas ou indirectas (estas devido às sanções económicas, monetárias e financeiras que, com toda a justificação, têm sido impostas à Rússia) que a guerra irá/está a ter sobre os preços do petróleo e do gás natural. Agora que a pandemia vai desaparecendo, permitindo uma recuperação rápida da economia mundial, essa recuperação irá ser seriamente afectada pelo choque energético que estamos já a enfrentar. Por isso, a prioridade terá de ser a de avançar mais rapidamente na substituição do petróleo e gás por energias renováveis e no que respeita aos países dependentes do gás russo, a substituição da Rússia por outros países produtores.