O líder do PSD diz que o Partido Socialista sem António Costa sairia muito fragilizado e continua a acreditar que a legislatura não vai chegar ao fim, mas, tudo depende da negociação deste Orçamento do Estado e dos resultados das autárquicas.
Rui Rio admite que o próximo ato eleitoral favorece quem está no poder e foi por isso mesmo que defendeu o adiamento das eleições.
“O PS sabia perfeitamente que, se adiássemos as eleições um mês ou dois, poderíamos fazer campanha à vontade. Mas como o PS tem 161 presidentes de câmara e nós 98, dá jeito não ter uma campanha eleitoral decente. O primeiro-ministro já veio dizer que em setembro vai abrir tudo, mas ele não sabe se pode abrir tudo, o que sabe é que há eleições em setembro. Se abrir uma semana ou duas antes, é eleitoralista”, afirma na entrevista ao Expresso.
O líder social-democrata acredita, no entanto, que pode vir a ser primeiro-ministro, mesmo que António Costa avance para uma recandidatura. Tudo vai depender do desgaste do Governo e do primeiro-ministro, diz Rio, convicto de que, se o desgaste continuar ao ritmo dos últimos seis meses, até será mais fácil que o adversário seja Costa.
Mas, se o Governo recuperar, o líder social-democrata reconhece mais experiência a António Costa do que a qualquer outra alternativa dentro do PS, e assim será sempre mais difícil.
Apesar de se falar da saída de António Costa para um cargo europeu, Rui Rio não sabe se tal vai acontecer e não revela se apoiaria a sua nomeação.
“Não digo que não. Mas ele também tem os constrangimentos do seu próprio partido. O que é que acontece ao PS? Parte-se todo, se ele sair. A tendência natural é apoiar portugueses em cargos internacionais, mas isso depende de muitos fatores”, afirma.
Já quanto à gestão da pandemia, Rui Rio diz que, acima de tudo, o que falhou foi o planeamento.
“Tudo foi feito aos empurrões. Umas coisas correram melhor, outras pior. A vacinação, por exemplo, está a correr bem, e acho que é devido um grande elogio ao vice-almirante Gouveia e Melo e à sua equipa de profissionais. Mas houve também uma falta de apoio às empresas”, afirma Rui Rio.
O líder social-democrata afirma não compreender, por exemplo, as restrições nos horários do comércio e restauração e admite que, se estivesse no Governo, agora, reduzia o IVA para 6%, durante os próximos dois anos, por exemplo, tendo em conta que a restauração foi um dos sectores mais massacrados.