O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta terça-feira que o BCE deve procurar um equilíbrio e "pensar muito bem" na subida de juros para evitar a estagnação económica.
Em declarações aos jornalistas, em Napa Valley, na Califórnia, o chefe de Estado desenvolveu a mensagem que deixou no domingo à noite sobre a atuação do Banco Central Europeu (BCE) presidido por Christine Lagarde, considerando que está a ter "uma espécie de reação na linha da orientação americana" à atual conjuntura de subida de preços.
"A orientação americana é muito clara, que é: nem que custe o crescimento da economia, vamos privilegiar com subidas massivas de juros o controlo da inflação. Ora nisso a América tem uma vantagem enorme, é que pode produzir os dólares que quiser", referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "os americanos podem permitir-se esse tipo de realidade", mas "outros espaços económicos", como a União Europeia, "têm de pensar nas consequências da estagnação" ao fazer face à inflação.
Neste quadro, o chefe de Estado apelou a que se procure "um equilíbrio para se evitar a estagnação com inflação, como houve nos anos 70".
"Percebe-se que o BCE tenha sentido a necessidade de acorrer à subida do nível de preços. A mensagem tem de ser calibrada, como se diz muitas vezes. Depois de um período em que a preocupação era evitar a subida de juros, tem de se pensar muito bem na subida a introduzir, porque essa subida se for muito, muito acentuada, em economias que ainda não arrancaram, pode atrasar o arranque", reforçou.
"Há aqui um equilíbrio", insistiu.
Quanto ao caso de Portugal, o Presidente da República reiterou que há "números de crescimento económico muito bons até agora no ano de 2022", mas "a consciência de que não são repetíveis em 2023".
"A questão é saber onde ficamos em 2023. E aquilo a que nenhum sabe responder é onde é que ficará a inflação também entre o final de 2022 e 2023", apontou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "este equilíbrio, que já foi a dor de cabeça dos anos 70, entre controlar o nível de preços, que atingem famílias e empresas, e por outro lado evitar que a economia de repente caia muito e deixe de crescer de forma repentina ou mais acentuada, é o grande desafio para os reguladores, para os governantes, para todos".