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A cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, tomada pelo exército russo no início de março, está à beira de uma catástrofe humanitária, denunciou esta terça-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
"Apesar dos esforços do Governo da Ucrânia e de organizações humanitárias internacionais, a Federação Russa continua a recusar-se a criar um corredor humanitário para retirar civis e fazer a entrega de alimentos. A cidade está a aproximar-se de uma catástrofe humanitária a cada dia que passa", refere num comunicado.
"A situação humanitária está a deteriorar-se rapidamente. A cidade tem carência crítica de alimentos e medicamentos devido ao cerco. Os recém-nascidos, que precisam de produtos de nutrição e higiene infantil, e os doentes graves constituem a população em maior risco", segundo o ministério.
"Os invasores russos retaliam contra os moradores da cidade", denunciou o governo ucraniano, recordando que na segunda-feira abriram fogo contra manifestantes pacíficos na Praça da Liberdade, ferindo um idoso.
O ministério acrescenta que "cerca de uma centena de estudantes internacionais, principalmente de países africanos, estão atualmente em Kherson".
A cidade, com cerca de 300.000 habitantes, está localizada junto ao rio Dnieper e nas margens do Mar Negro, e é um ponto estratégico da ofensiva russa devido à sua proximidade com a Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.