O escritor angolano Pepetela com o livro “Sua Excelência, de Corpo Presente” é o vencedor do Prémio Literário Casino da Póvoa 2020. A obra foi escolhida entre 125 a concurso, num ano em que o prémio atribuído no âmbito do Festival Correntes d’Escritas distingue textos em prosa. O júri que atribuiu o prémio por unanimidade destacou “a originalidade do estratagema narrativo eficaz para denunciar com ironia uma história de nepotismo e abuso de poder”.
A obra, editada pela Dom Quixote, em 2018, relata a história de um ditador africano que no início do livro surge morto e que ao longo do livro recorda as peripécias da sua vida. Sem identificar o país ou o ditador em causa, o livro, como refere o júri constituído pela jornalista Ana Daniela Soares, o escritor espanhol Carlos Quiroga, a ex-ministra da Cultura Isabel Pires de Lima, a académica Paula Mendes Coelho e o escritor Válter Hugo Mãe traça um retrato “próprio dos sistemas totalitários”.
O mesmo júri refere que “foi sensível à dimensão antecipativa de ficção do autor, que estabelece fortes pontos de contacto com a realidade atual”.
Entre os finalistas ao prémio estavam também obras de escritores portugueses como “Cair para dentro” do escritor Valério Romão; “Ecologia” de Joana Bértholo; “Estuário” de Lídia Jorge; “Memórias Secretas” de Mário Cláudio; “O Centro do Mundo” de Ana Cristina Leonardo; “O Invisível” de Rui Lage; mas também autores de outras nacionalidades como o cubano Leonardo Padura com o livro “A Transparência do Tempo”; o brasileiro Ruy Castro com “Bilac vê Estrelas” ou moçambicano Mia Couto com “O Bebedor de Horizontes”.
O vencedor recebe um prémio no valor de 20 mil euros. A entrega do prémio vai decorrer no sábado, na cerimónia de encerramento do festival. Pepetela já enviou uma mensagem a agradecer o prémio e a confirmar que não poderá estar presente no sábado, por ter sido sujeito a uma cirurgia que o impede de viajar de avião de Luanda a Portugal. Fará representar-se na cerimónia por alguém da editora.
No ano passado, o prémio distinguiu a poesia e o vencedor foi o poeta Luís Quintais. No passado, o galardão já foi entregue a autores como Lídia Jorge, Hélia Correia, Juan Gabriel Vásquez, Fernando Echevarria ou Manuel Jorge Marmelo.
Outros prémios das Correntes d’Escritas
Na cerimónia no Casino da Póvoa, foram também anunciados outros vencedores. O Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus foi para a obra “Relógios Parados” de Ana Sofia Franco Trigo que concorreu com o pseudónimo Jieun.
Quanto ao Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora 2020 que recebeu 104 trabalhos de mais de dois mil alunos, foi atribuído aos alunos do 4ºC da Escola Básica da Venda do Pinheiro que concorreu com o conto “Tempestade no Rio”. Em segundo lugar ficou a turma do 4ºQ da EB 1 com PE e Creche Eng. Luís Santos Costa, de Machico, com o conto “Os Ponteiros Apaixonados”. Em terceiro lugar ficou a turma do 4ºA, Colégio Paulo VI de Gondomar com o conto “A mala da minha professora.”
O Prémio Literário Fundação Dr.Luis Rainha Correntes d’Escritas 2020 foi para “Ala Ala Arriba” de Álvaro Manuel Oliveira Maio, de Esposende que se apresentou a concurso com o pseudónimo “Zé Pescadinha”.
A 21.ª edição decorre na Póvoa do Varzim até 23 de fevereiro, na Póvoa de Varzim. O encontro literário promove a ida de escritores a escolas do concelho e várias conferências. Este ano reúnem-se no evento uma centena de autores de 14 países, 30 deles estão na Póvoa pela primeira vez.