O Tribunal de Melbourne ordenou a detenção do cardeal australiano George Pell, depois deste ter sido considerado culpado por cinco crimes de abuso sexual de menores. A fiança foi revogada e o antigo conselheiro do Papa fica preso até conhecer a sentença a 13 de março.
Pell é o clérigo com o cargo mais elevado de sempre no Vaticano a ser condenado pelo abuso sexual de menores, tendo desempenhado funções de conselheiro económico do papa Francisco e de ministro da Economia do Vaticano.
O veredicto que foi dado pelo tribunal australiano em dezembro só agora foi tornado público, devido a impedimento legais.
A justiça australiana condenou-o por cinco crimes de ofensa sexual contra dois rapazes de 13 anos, que pertenciam a um coro. Os atos aconteceram há 22 anos, na sacristia da Catedral de S. Patrício, em Melbourne, onde George Pell era arcebispo. Uma das vítimas morreu em 2014.
O cardeal, que sempre se declarou inocente, arrisca um máximo de dez anos de prisão por cada um dos cinco crimes, num total de 50 anos.
O Vaticano já tinha anunciado ontem o afastamento definitivo de Pell do cargo de prefeito da secretaria da economia e esta quarta-feira anunciou a abertura de um processo canónico pela Congregação para a Doutrina da Fé. Contudo, a Congregação deve esperar pela decisão do tribunal de recurso na Austrália antes de chegar a alguma conclusão.
O cardeal foi formalmente acusado a 29 de Junho de 2017 pela polícia, e no dia seguinte, a partir de Roma, defendeu a sua inocência numa conferência de imprensa. Na altura garantiu ser "inocente" e classificou a investigação de “implacável assassinato de carácter”. Pell, na altura o número três do Vaticano, regressou à Austrália no dia 10 de Julho.
Foi sacerdote na sua cidade natal de Ballarat (1976-1986), no estado australiano de Victoria, e arcebispo de Melbourne entre 1996 e 2001. Já em 2003, foi nomeado cardeal pelo Papa João Paulo II e há três anos foi escolhido pelo Papa Francisco para a secretaria de Economia da Santa Sé, um posto criado para sumo pontífice para enfrentar os escândalos em torno das finanças do Vaticano.
[Notícia atualizada às 13h02]