A Polícia Judiciária (PJ) terá apreendido, em casa de José Bernardes, empresário suspeito de ser testa de ferro do Benfica, uma agenda com nomes e contactos de vários árbitros, segundo o "Jornal de Notícias".
Dita agenda terá sido apreendida em 2018, nas primeiras buscas realizadas no âmbito do processo "Saco Azul", quando as autoridades procuravam apenas indícios de fraude fiscal. Porém, agora que foram encontrados indícios de pagamentos de uma empresa de José Bernardes ao antigo árbitro Bruno Paixão, o "JN" adianta que a agenda deverá ser novamente analisada, o que pode dar novo rumo à investigação.
Na segunda-feira, a CNN e a TVI adiantaram que Bruno Paixão e o Benfica estavam sob suspeita de corrupção desportiva, devido a pagamentos efetuados ao antigo árbitro por parte de uma empresa informática ligada ao Benfica e implicada no caso "Saco Azul".
Esta empresa, detida por José Bernardes, arguido no processo, terá servido de "saco azul" (forma encapotada de suborno) do Benfica.
Os referidos pagamentos a Bruno Paixão indiciariam corrupção desportiva. Sendo provado, poderia levar o Benfica a descer de divisão.
Árbitro nega, Benfica distancia-se
Em declarações às duas estações, Bruno Paixão negou quaisquer irregularidades e referiu que os ditos pagamentos se referem a "um serviço de controlo de qualidade" que teria prestado no âmbito de uma atividade paralela à de árbitro, de certificação de qualidade de empresas.
"Conheço José Bernardes, e, aqui há uns anos, durante alguns meses, tentei implementar um sistema de controlo de qualidade, o ISO 9001, na empresa 'Best for Business'", referiu o ex-árbitro, sublinhando que o facto de ter prestado serviços a uma empresa implicada num caso de justiça com um clube de futebol não passou de mera coincidência
Em comunicado oficial, o Benfica sublinhou que, "no âmbito do referido processo, nunca a Benfica SAD ou os seus representantes legais foram confrontados com quaisquer factos que envolvessem o nome do Senhor Bruno Paixão e/ou quaisquer acusações de corrupção desportiva".
"As diligências de inquérito foram já concluídas, aguardando o processo apenas o despacho final que põe termo ao inquérito. (...) Os representantes legais da Benfica SAD foram, nos termos da lei, confrontados exclusivamente por factos respeitantes a indícios de fraude fiscal, tendo o Ministério Público abandonado a tese inicial de branqueamento de capitais", pode ler-se no site do clube.
De que trata o processo "Saco Azul"?
Em causa, no processo "Saco Azul", está o pagamento de 1,9 milhões de euros do Benfica à empresa referida, por serviços de consultoria fictícios.
Além de José Bernardes, também são arguidos Luís Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, os administradores da SAD encarnada Miguel Moreira e Domingos Soares de Oliveira, e a própria Benfica SAD. Todos são suspeitos dos crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
A TVI adianta que as informações obtidas sobre Bruno Paixão foram incluídas noutra investigação ao Benfica por suspeitas de corrupção desportiva, que nasceu do chamado "caso dos e-mails" e que também já incorporou o caso dos "vouchers" e o processo "Mala Ciao".