O barco de resgate "Open Arms" encontrou à deriva em frente da costa líbia uma lancha automática com 40 pessoas a bordo e está a escoltar os migrantes para Lampedusa, informou o porta-voz daquela organização.
Na precária embarcação, encontrada em águas internacionais, seguiam quatro bebés e três mulheres grávidas, apresentando elevado nível de desidratação depois de três dias de travessia, disse a porta-voz à agência de notícias espanhola EFE.
De acordo com a porta-voz, a ONG cuidou dos migrantes, avisou as "autoridades competentes", e está a escoltar as pessoas até Lampedusa, o porto italiano onde foi detida Carola Rackete, que contrariou o bloqueio das forças navais italianas.
Carola Rackete forçou na sexta-feira à noite a entrada no porto siciliano de Lampedusa para desembarcar 42 migrantes "exaustos" e agora poderá enfrentar uma pena de até dez anos de prisão.
Acusada de tentar uma manobra perigosa, a capitã Carola Rackete, de 31 anos, garantiu que nunca pensou na sua ação como "um ato de violência, mas apenas de desobediência".
Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, Carola Rackete explicou que, naquele momento, atracar em Lampedusa pareceu-lhe ser a única solução face à "situação desesperada" que se vivia a bordo.
Com 40 imigrantes resgatados do mar há 17 dias, a capitã do navio da organização humanitária Sea-Watch tinha declarado o estado de emergência a bordo há mais de um dia (36 horas), recordou.
"A situação era desesperante, o meu objetivo era apenas trazer pessoas exaustas e desesperadas para o chão. Eu estava com medo", disse, explicando que temia que os imigrantes se atirassem ao mar, o que acabaria por significar a sua morte uma vez que não sabiam nadar.
"Certamente não queria tocar na alfândega, a minha intenção não era colocar ninguém em perigo, eu já me desculpei e peço desculpas novamente", continuou.
A sua manobra na noite de sexta para sábado para atracar em Lampedusa não causou feridos e o navio conseguiu desembarcar os migrantes que tinha resgatado da costa da Líbia. No entanto, é acusada de ajuda à imigração ilegal e resistência a um navio de guerra.
"Eu não tinha o direito de obedecer, pediram-me para trazê-los de volta (os migrantes) para a Líbia, mas do ponto de vista da lei, eles são pessoas que estão a fugir de um país em guerra. A lei proíbe que nós os possamos levar de volta para lá", acrescentou.
Em declarações ao jornal italiano, reconheceu que cometeu "um erro de apreciação quando o navio se aproximou do cais", mas sublinhou que em causa está apenas um ato de "desobediência".
Entretanto, Portugal já se disponibilizou para receber cinco migrantes do grupo que estava a bordo do navio.
A decisão de receber as pessoas foi tomada em conjunto por Portugal, França, Alemanha, Luxemburgo e Finlândia "num espírito de solidariedade europeia" e pelo "dever de solidariedade humanitária", explicou o Governo português em comunicado.