O Sindicato Independente dos Médicos decidiu suspender a greve às horas extra que tinha marcada para a semana da Jornada Mundial da Juventude nos agrupamentos de centros de saúde que servem os concelhos de Lisboa, Loures e Odivelas.
“O Sindicato Independente dos Médicos não irá fazer nenhuma greve, nem nacional nem regional, nesses dias, particularmente nos concelhos de Lisboa e Loures, Odivelas, que é onde se realizam os momentos de boas vindas ao Papa”, garantiu à Renascença o secretário-geral do SIM.
Segundo Jorge Roque da Cunha, o sindicato decidiu que “acontecesse o que acontecesse, não iríamos utilizar a data das jornadas como momento para expressarmos a nossa indignação e por isso não iríamos aproveitar a circunstância deste importantíssimo evento, não só para o país, mas para todo o mundo, para causar maior perturbação”.
Restantes greves mantêm-se
No entanto, todas as restantes paralisações decretadas pelo SIM mantêm-se. São a greve nacional a decorrer a 25, 26 e 27 de julho e a greve de um mês, a iniciar-se no dia 24, à produção adicional para recuperar as listas de espera e às horas extra nos cuidados de saúde primários das várias regiões do país.
Os três dias de greve nacional foram anunciados, em conferência de imprensa, no passado dia 30 de junho, contra "a incapacidade" do Governo em "apresentar uma grelha salarial condigna".
Na altura, Roque da Cunha pediu que a Federação Nacional dos Médicos se associasse ao protesto, bem como os profissionais do setor privado, estes últimos em 26 de julho.
O calendário de greves foi aprovado pelo Conselho Nacional do SIM no mesmo dia em que o sindicato se reuniu com o Ministério da Saúde sobre várias matérias, incluindo a revisão das grelhas salariais, no último dia previsto no período negocial.
Segundo Roque da Cunha, o SIM "tentou até à última hora evitar formas de luta", mas as propostas apresentadas pelo Governo foram "manifestamente insuficientes".
Negociações estão "num ponto muito difícil"
“A verdade é que as negociações estão num ponto muito difícil", apontou à Renascença o secretário-geral do Sim.
"Nós não concordamos com o facto de o Governo propor, ao fim de 10 anos em que os médicos perderam cerca de 20% do poder de compra, um aumento de 1,6%".
Além disso, "cria uma situação que ninguém sabe exatamente o que é a chamada dedicação plena", avançou Roque da cunha, para quem "a proposta que está em cima da mesa é um aumento de 1,6%", o que "não é aceitável".