Natal no Mondego. As cheias “destruíram-me a mim, à minha mulher e à minha filha”
24-12-2019 - 18:24
 • Pedro Mesquita , Marta Grosso

O Presidente da República visita no próximo sábado as áreas inundadas pelo rio Mondego. A Renascença falou com uma das famílias afetadas.

As inundações no Baixo Mondego, e os efeitos que ainda se fazem sentir, transformaram o Natal de muitas famílias. Na localidade de Formoselha, a mais afetada pela subida das águas, José Pimentel já regressou a casa, mas não sabe para onde se virar.

“O meu Natal vai ser a lavar roupa. Uma das máquinas avariou – a outra ainda está a funcionar. Até nos esquecemos de comer.... Nem sei que dia é hoje! Digo-lhe sinceramente...”, afirma à Renascença.

José diz que a sua família está completamente destruída e lamenta que, desde 2001, nada tenha sido feito para evitar que o pesadelo se repetisse.

“Já tive, em 2001, metro e meio [de água em casa] e nada foi feito para que isto não voltasse a acontecer”, critica.

Desta vez, José teve “um metro de água em casa. Destruiu-me colchões, mobílias, eletrodomésticos e destruiu-me a mim, à minha mulher e à minha filha. Estamos completamente destruídos”, conclui, emocionado.

À espera dos afetos do Presidente

O presidente da Junta de Freguesia de Santo Varão acredita que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, no próximo sábado, dia 28, possa servir de pressão para que, de uma vez por todas, se resolva um problema que é recorrente.

“O facto de o Presidente da República vir ao concelho de Montemor e eventualmente à freguesia de Santo Varão poderá ajudar a resolver o problema, que realmente é o que as populações querem”, afirma João Girão à Renascença.

O autarca sublinha que, apesar de todas as famílias já terem regressado às suas casas, estão a viver momentos particularmente difíceis e vão receber, com agrado, o afeto do Presidente.

“Pelo que conhecemos, é um homem de afetos, o que é muito importante nestas alturas em que estamos fragilizados”, reconhece.

João Girão sublinha, contudo – e para surpresa de alguns – que poderia ter sido muito pior para a sua freguesia, se os diques não tivessem cedido.

“Na realidade, a minha freguesia foi beneficiada pela rutura dos diques. Se não houvesse rutura nos diques, nós não poderíamos estar a conversar”, afirma.

Certo é que este é um Natal que estas povoações não irão esquecer. “As famílias nunca mais se vão esquecer desta época, porque mesmo já podendo todos festejar o Natal nas suas próprias casas, não têm hipótese de trazer os familiares de fora para cá, porque ainda estamos parcialmente isolados e, como tal, ainda está na lembrança os três/quatro dias que vivemos. Foram dias muito tristes para a freguesia”, garante.