De malas e mochilas migrantes começam a abandonar campo em Calais
24-10-2016 - 07:02

Muitos migrantes vão ser transferidos, em 60 autocarros, para os mais de 400 centros de acolhimento e orientação espalhados por França.

Na "Selva", como é conhecido o campo de refugiados e migrantes em Calais, França, estão entre seis mil e oito mil migrantes – esta segunda-feira, sob o olhar atento de 1.250 polícias, que os vão acompanhar aos pontos de encontro determinados pelas autoridades, para dar início à evacuação do espaço.

Os migrantes vão ser transferidos para os mais de 400 centros de acolhimento e orientação espalhados pelo país.

Segundo as autoridades, mais de 60 autocarros vão fazer o transporte de, pelo menos, dois mil pessoas oriundas, na sua maioria, do Afeganistão, do Sudão e da Eritreia.

As autoridades francesas anunciaram, na sexta-feira, que o campo de Calais, no norte de França e perto do canal da Mancha, começaria a ser evacuado a partir de hoje.

No domingo, houve confrontos quando a polícia teve de intervir, recorrendo a gás lacrimogéneo, para dispersar algumas dezenas de migrantes que atiraram pedras contra as autoridades.

Prometida desde há várias semanas pelo governo socialista, a evacuação acentuou a polémica sobre o acolhimento dos migrantes em França, a alguns meses das eleições presidenciais.

O assunto suscitou também tensões entre Paris e Londres. "Teremos sucesso neste desafio humanitário", prometeram os ministros do Interior, Bernard Cazeneuve, e da Habitação, Emmanuelle Cosse, em artigo publicado na sexta-feira no diário “Le Monde”. As organizações não-governamentais (ONG) no terreno alertaram, por outro lado, contra os riscos de "catástrofe" de uma operação precipitada.

O destino de 1.290 menores que se encontram isolados no campo constitui um dos aspectos mais complexos desta operação, com muitos a referirem pretender alcançar o Reino Unido, onde dizem ter familiares.

Allaodil, um rapaz sudanês de 14 anos, vagueia pela lixeira do campo, em busca de restos, a tremer envolvido num cobertor. À agência Reuters disse querer ir ter com o irmão a trabalhar no Reino Unido há três anos.

Apesar das autoridades britânicas conhecerem o seu caso, não sabe se vai conseguir autorização para viajar ou vai ter de aderir ao programa de realojamento em França.