O Papa Francisco despediu-se esta quinta-feira do Cazaquistão com renovadas palavras de paz
Junto da pequena comunidade católica, reunida na catedral, o Papa elogiou a herança da fé, transmitida de avós e pais para filhos, por vezes com grande sofrimento, mas insistiu que não basta a recordação do passado para a fé permanecer viva.
O futuro da fé implica ”sair de si mesmo” e “dar espaço aos outros”, afirmou Francisco, pedindo a todos que dêem testemunho e sejam “homens e mulheres de comunhão e de paz”.
O fim desta visita apostólica coincidiu com o encerramento do VII Congresso dos líderes religiosos mundiais. Francisco proferiu o discurso de encerramento, reafirmando a sua aposta no diálogo e encontro de culturas e religiões, face à “loucura insensata de guerra” e da persistência do ódio e fundamentalismos.
O Papa reafirmou que “o caminho do diálogo inter-religioso é um caminho comum de paz e para a paz e, como tal, é necessário e sem retorno”. E mais do que uma oportunidade, Francisco declarou que o diálogo inter-religioso é “um serviço urgente e insubstituível à humanidade.”
No meio de todo este mosaico e diversidade, sai reforçado o papel do Cazaquistão como encruzilhada multicultural e multireligiosa. É uma aposta do presidente Tokayev, que se propõe ser ponte entre as várias sensibilidades, mas que não escapa a críticas. Enquanto o Congresso condenava a violência, o diálogo e a repressão religiosa, Tokayev recebia o presidente Xi Jinping, na sua primeira visita ao estrangeiro após dois anos de pandemia, para reforçar os laços e a cooperação entre a China e o Cazaquistão.
Várias apreensões surgiram também, no primeiro dia de Congresso quando, após sucessivos discursos a condenar o uso da religião para justificar o ódio e a guerra, os organizadores chamaram ao pódio várias personalidades para receber uma medalha “pela promoção do diálogo entre os povos”.
Um dos eleitos que recebeu a medalha das mãos do Presidente Tokayev foi o metropolita Anton, o número dois do Patriarcado ortodoxo de Moscovo, responsável pelas relações externas, representante do patriarca Kirill neste Congresso.