As mensagens que chegam às caixas de correio eletrónico para tentar burlas e fraudes estão a ficar mais convincentes e mais difíceis de reconhecer, alertam especialistas no combate ao cibercrime.
Intervindo num seminário ‘online’ organizado pelo Instituto Politécnico de Lisboa esta terça-feira, o inspetor-chefe Dias Ramos, da unidade de Cibercrime da Polícia Judiciária (PJ), apontou que há “técnicas cada vez mais elaboradas” de tentar enganar através de mensagens de correio eletrónico, nomeadamente as de “phishing”, que fingem vir de fontes credíveis e confiáveis para procurar levar as pessoas a darem dados pessoais ou a enviarem dinheiro.
Se antes era mais por causa de erros ortográficos ou utilização de palavras de outros idiomas ou de português do Brasil, agora isso acontece menos porque estão cada vez mais acessíveis ferramentas de tradução eficazes.
Dias Ramos destacou que o anonimato e a possibilidade de acesso dos burlões não só aos computadores mas também aos telemóveis, que são verdadeiros “computadores de bolso”, aumentam as possibilidades de os cibercriminosos conseguirem vítimas.
Dias Ramos assinalou que durante os meses da pandemia, em que aumentou o número de pessoas em teletrabalho e em contacto virtual através de plataformas como o Zoom, aumentou também o número de queixas, em cerca de 300%.
O diretor do Departamento de Sistema de Comunicação e Informação do Politécnico de Lisboa, Pedro Ribeiro, afirmou que este mês, os sistemas de deteção de ciberameaças da instituição detetou mais mensagens potencialmente fraudulentas do que em todo o resto do ano, notando que o volume de mensagens de “spam” diminuiu durante os meses da pandemia, desde março.
Outra técnica que aumenta é a reutilização por parte dos burlões de mensagens legítimas do expediente da atividade das entidades que visam “pedir supostos pagamentos pendentes ou incluem anexos maliciosos para tentar roubar informação” financeira ou pessoal das vítimas.
A coordenadora do Departamento de Desenvolvimento e Inovação do Centro Nacional de Cibersegurança, Isabel Baptista, destacou que “a apatia, a ignorância e a não consciência” dos riscos que se corre só por estar ligadoà internet são as maiores ameaças.
Dias Ramos notou que, quando a PJ faz formação em empresas, por exemplo, quando se pergunta se existem manuais sobre como lidar ou simulacros de ataques informáticos, tal como se faz para incêndios ou sismos, “a resposta é que não, que nunca viram tal coisa”.
“São precisos projetos de capacitação de cidadãos”, referiu Isabel Baptista, indicando que o Centro a que pertence tem cursos ‘online’ de educação de cidadãos para estes temas.