Paris. “As pessoas vivem. As pessoas querem viver"
18-11-2015 - 11:23

Desde os atentados da semana passada que a capital francesa, e arredores, tem sido passada a pente fino pela polícia. Buscam-se alegados autores ou pessoas com relação aos ataques. “É um cenário de guerra”.

A comunidade portuguesa em França, e mais concretamente em Paris, vive hoje de perto a luta contra o terrorismo. Desde sexta-feira à noite que o quotidiano se alterou, mas todos os dias as pessoas tentam fazer a sua vida com a maior normalidade possível.

“A vida continua e temos sempre um bocado de receio. Estamos sempre a olhar para um lado e para o outro, a ver o que pode acontecer, mas a gente tem de sair, tem de trabalhar; a vida tem de continuar. Mas logo de manhã vamos ver as televisões, a ver o que se passa”, relata à Renascença Paulo Marques, presidente da Associação de Autarcas de Origem Portuguesa e autarca de Aulnay-Sou-Bois.

Paulo Marques admite que a comunidade portuguesa – tal como as restantes – “está, de facto, ansiosa”, mas acrescenta que todos fazem um esforço por continuar a fazer a sua vida.

“Verificamos que, desde segunda-feira, as pessoas foram trabalhar, as pessoas vivem. As pessoas querem viver. Mas é óbvio que, enquanto isto não parar, é mais complicado”, afirma.

Esta quarta-feira, o bairro de Saint Denis, a norte de Paris, acordou ao som de intenso tiroteio. A polícia levava a cabo mais uma mega operação de busca a alegados terroristas.

“É um cenário de guerra, está toda a gente com medo. É polícia por todo o lado”, descrevia, de manhã, à Renascença Filipe Sousa, um português que se encontrava próximo do local.

Além da polícia e de equipas de emergência, foram destacados para Saint-Denis cerca de 50 soldados. Foram posicionados na principal rua da cidade, perto do apartamento alvo do raide. Os moradores foram acordados “perto das 5h30 da manhã”, quando a polícia lhes bateu à porta.

“Disseram-me que era da polícia e eu entrei em pânico. Perguntei se era mesmo a polícia e garantiram-me que sim. Fizeram-nos sair depois”, relata uma mulher muçulmana envergando uma burka, aos jornalistas.

“Estivemos duas horas e meia muito perto de disparos intensos. Quase três horas. O tempo que a polícia levou a retirar-nos de casa. Houve um tecto de casa que ruiu e ouvimos muitos disparos por todo o lado até nos deixarem sair”, acrescenta.

A operação terminou perto das 11h00 e todos os terroristas foram neutralizados.