Pelo menos 26 corpos foram encontrados pelos bombeiros numa área devastada por um grande incêndio florestal que lavra há dias no nordeste da Grécia, anunciaram esta terça-feira as autoridades.
A polícia grega ativou a Equipa de Identificação de Vítimas de Desastres do país para identificar os corpos, que foram encontrados no parque nacional de Dadia, na área de Avanta, na região nordeste de Alexandroupolis, disse Ioannis Artopios, porta-voz dos bombeiros, à televisão grega.
Segundo Artopios, dado que não foram apresentados quaisquer relatos de pessoas desaparecidas na área, as autoridades estão a examinar a possibilidade de as vítimas serem migrantes que entraram no país após cruzarem o rio Evros, que faz fronteira com a Turquia.
As altas temperaturas, aliadas ao tempo seco e os ventos, causaram dezenas de fogos florestais em toda a Grécia. Neste momento, o mais grave incêndio lavra há quatro dias nas proximidades da cidade portuária de Alexandroupolis, no nordeste do país. Uma equipa de médicos legislativas vai a caminho da floresta de Dadia para realizar as autópsias e tentar apurar a identidade das vítimas.
A região de Evros, no nordeste da Grécia, perto da fronteira com a Turquia, tem sido das mais afetadas pelos incêndios. Na segunda-feira, foi encontrado o corpo de outro homem que se acredita ser também um migrante, avançaram as autoridades locais.
A aproximação dos incêndios a Alexandrópolis levou à evacuação de dezenas de pessoas de um hospital, incluindo bebés recém-nascidos, segundo avança o jornal grego Akathimerini.
Um barco foi transformado em hospital de campanha depois de 65 pacientes terem sido retirados de um hospital universitário, reporta o mesmo jornal. O 'ferry' partiu esta manhã para a cidade portuária de Kavala, onde os pacientes foram transferidos para outro hospital.
Segundo os relatos, os pacientes idosos foram dispostos em colchões pelo chão da zona de cafetaria do barco, enquanto os paramédicos assistiam outros pacientes em macas e uma mulher segurava um saco de soro a outro paciente, num sofá.
"Trabalho aqui há 27 anos e nunca vi nada assim", reporta a enfermeira Nikos Gioktsidis. "É como se estivéssemos em guerra ou tivesse explodido uma bomba... macas por todo o lado, pacientes aqui, intravenosas ali...", avança.
Um novo incêndio deflagrou na manhã desta terça-feira em Aspropyrgos, na periferia oeste da capital, e as autoridades emitiram ordens de evacuação para duas aldeias da região.
A Comissão Europeia mobilizou na segunda-feira 56 bombeiros, 10 veículos de apoio e duas aeronaves para ajudar a combater esta nova vaga de fogos, de acordo com um comunicado do organismo europeu. Além disso, uma equipa de bombeiros pré-deslocada por França já se encontra na Grécia, no âmbito do plano de preparação da UE para a época de incêndios florestais.
A assistência agora anunciada segue-se à resposta da UE à anterior ativação do Mecanismo de Proteção Civil da UE pela Grécia no mês passado, quando foram mobilizados nove aparelhos aéreos, 510 bombeiros e 117 veículos, bem como o serviço de cartografia por satélite do programa Copernicus, que continua a avaliar os danos no país.
Em julho, devido aos fortes ventos e ao calor extremo, um incêndio devastou quase 17.770 hectares em dez dias no sul da ilha de Rodes, um popular destino turístico no sudeste do Mar Egeu. Cerca de 20.000 pessoas, a maioria turistas, foram retiradas da ilha devido ao fogo.
No final de julho, o país experimentou a sua pior onda de calor, em relação ao mesmo período em outros anos, com temperaturas superiores a 40 graus Celsius em muitos lugares, segundo o Observatório Nacional de Atenas.
[notícia atualizada às 15h14]