A coordenadora bloquista, Catarina Martins, defendeu, esta terça-feira, que o Serviço Nacional de Saúde tem "de chegar a toda a gente" e que, no caso da população migrante sem número de utente, "primeiro trata-se da pessoa e depois dos papéis".
No final de uma visita ao centro de base comunitária do GAT (Grupo de Activistas em Tratamentos), Catarina Martins insistiu que o "Serviço Nacional de Saúde tem que ter uma política de prevenção e de chegar a toda a gente", dando um exemplo de um trabalho que está a ser feito pela associação.
"A lei diz que o Serviço Nacional de Saúde abre a porta a toda a gente, mas está a acontecer em vários hospitais que a população migrante que ainda não tem número de utente, lhe é negado o tratamento de uma doença infeciosa", condenou.
Na perspetiva da líder bloquista, "isto é um problema" porque "se uma pessoa está com tuberculose tem de ser tratada" uma vez que "primeiro trata-se da pessoa, depois trata-se dos papéis".
"Recentemente, por exemplo, o hospital São João, no Porto, assumiu que faria isso mesmo: primeiro trata a doença depois trata dos papéis, mas em Lisboa não há nenhum hospital a ter esta capacidade de intervenção", lamentou.
Catarina Martins considerou ser preciso "levar isto muito a sério", insistindo que "a resposta de saúde em toda a população tem de ser esta"
"Quando alguém precisa de cuidados de saúde, primeiro trata-se da pessoa, depois trata-se dos papéis", apelou.
Segundo a dirigente do BE, ganha-se "em perceber a articulação que o Serviço Nacional de Saúde pode fazer com estas associações, com estes grupos, que lidam diretamente com comunidades que muitas vezes são discriminadas, excluídas, para chegar com estes programas de prevenção da doença e programas de saúde pública a toda a gente".
O GAT, segundo a dirigente comunista, "tem um trabalho muito importante de prevenção, de acompanhamento, de saúde pública junto de populações que são excluídas por uma série de fatores".
"E nós achamos que as questões da saúde pública, as questões da prevenção são questões centrais na responsabilidade do Estado e o contacto com estas associações, com a sua realidade ajuda-nos a perceber os programas de que necessitamos", justificou.
Nos anos em que se foi cortando na saúde, lembrou Catarina Martins, os "programas de prevenção e programas de acompanhamento de populações vulneráveis ficaram fragilizados".
"E nós precisamos muito do apoio de associações, de grupos, como o GAT para reconstruirmos e chegarmos às populações mais excluídas", elogiou.
Para o BE, "a saúde pública em Portugal passa por reforçar o trabalho com toda a gente, a saúde na comunidade, a prevenção da doença", sendo preciso "menos preconceito e mais intervenção para um país com mais saúde e com mais direitos humanos".
"Há aqui matérias novas que são propostas, que para nós são muito importantes, nomeadamente as questões da vacinação de adultos na comunidade", exemplificou.