Incidentes envolvendo menores internados no Centro Educativo de Santo António, no Porto, incluíram "agressões graves", segundo o sindicato e um funcionário, e uma "tentativa de agressão", na versão dos Serviços Prisionais, que admitem que dois seguranças necessitaram de tratamento.
O presidente do Sindicato dos Técnicos da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (SinDGRSP), Mário Barroco de Melo, disse à agência Lusa que o incidente ocorreu na noite de quarta-feira e princípio da madrugada de hoje numa das duas unidades do Centro Educativo de Santo António - que acolhe delinquentes de menor idade em regime fechado - numa altura em que deviam estar de serviço duas vigilantes, mas só se encontrava uma, por escassez de pessoal.
A vigilante da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais nada sofreu, mas dois funcionários da segurança privada que ali presta serviço e que foram chamados a intervir sofreram agressões "graves", ainda segundo o dirigente sindical.
Um elemento que esteve envolvido na operação para controlar o motim contou à Renascença que os seguranças foram agredidos ao murro, pontapé e com cadeiras pelo grupo de jovens e que faltava pessoal. Na altura estava 12 menores na unidade.
Os segurança sofreram várias lesões, nomeadamente hematomas na cabeça, braços e pernas, “arranhões nas costas”, um tendão de um dedo afetado. Receberam assistência no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e no dia seguinte foram apresentar queixa na PSP e realizar exames.
O objetivo dos jovens seria roubar as chaves ao segurança e fugir do Centro Educativo de Santo António, segundo a mesma fonte.
Depois de provocações após terem recebido ordem para recolher aos quartos, os jovens começaram a agredir um segurança. Um colega que foi ajudar também foi atacado, mas conseguiu levantar-se. Retirou o seu colega e a técnica de reinserção, fecharam a sala e pediram a ajuda.
Serviços Prisionais dizem que incidente foi sanado em 10 minutos
Na versão oficial da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, um dos 20 jovens que se encontram internados no Centro Educativo de Santo António "não acatou a ordem de recolher aos quartos e tentou agredir um elemento da segurança, ato em que, depois, intervieram mais cinco jovens e um segundo segurança".
A Direção-Geral garante que o incidente "foi sanado em cerca de 10 minutos, tendo os seis jovens nele intervenientes, recolhido a um quarto de onde foram levados, sem qualquer outro incidente, para as suas acomodações individuais".
Toda a situação ficou resolvida cerca das 22h30, acrescenta.
Deste "ato de indisciplina" resultou, de acordo com a Direção-Geral, "um hematoma num dos seguranças e uma escoriação no outro segurança, tendo ambos sido observados em Hospital do Serviço Nacional de Saúde, após o que tiveram alta".
Como decorre dos regulamentos, "foi aberto procedimento disciplinar aos jovens intervenientes no incidente e a ocorrência foi igualmente comunicada ao Serviço de Auditoria e Inspeção (Norte) da Direção Geral para abertura de inquérito".
A Direção-Geral desmente uma primeira informação, oriunda do sindicato e que este também veio a corrigir, a respeito de uma eventual agressão, na altura dos factos, à técnica profissional de reinserção que se encontrava presente.
Num comunicado entretanto emitido a propósito deste caso, o SinDGRSP queixa-se da falta de funcionários no Centro Educativo de Santo António.
A propósito dos "graves incidentes", manifesta a sua solidariedade "com todos os trabalhadores afetados física e emocionalmente no desempenho das suas funções".
[notícia atualizada]