O líder do CDS considera que o primeiro-ministro foi "hipócrita", e "cínico", ao fazer-se peregrino da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), e tenha rumado a Fátima a 13 de Maio, para se sentar ao lado dos representantes do Vaticano, um dia depois da aprovação da Eutanásia e da tristeza manifestada pelo Papa.
Recebido esta quinta-feira, em audiência, pelo cardeal patriarca de Lisboa, Nuno Melo transmitiu a D. Manuel Clemente a oposição do seu partido à aprovação da Lei da Eutanásia.
O líder do CDS explica à Renascença que um dos objetivos foi manifestar a oposição do seu partido à aprovação de "uma lei que alinha pelos regimes mais permissivos do mundo e com uma particularidade, do ponto de vista político".
Nuno Melo classifica de "hipocrisia muito impressionante" que tendo a eutanásia sido aprovada no dia 12, e com o Papa declarar-se muito triste com opção do poder político em Portugal, o primeiro-ministro tenha, no dia seguinte, 13 de Maio, o dia de Nossa Senhora, rumado a Fátima, "depois de se fazer peregrino", para se sentar do lado dos representantes do Vaticano".
Para Nuno Melo, trata-se de uma mensagem "cínica", que o CDS não pode deixar de o sublinhar por significar "muito daquilo que também na política não poderia acontecer".
A D. Manuel Clemente, Nuno Melo - acompanhado por Paulo Núncio - manifestou igualmente o apoio do CDS à Igreja que, quase exclusivamente, tem sido visada na questão dos abusos.
O líder do CDS não desvaloriza uma tragédia que, sublinha, é transversal à sociedade, mas acrescenta que não pode ser esquecido todo o que a Igreja dá à humanidade.
"O apoio que queremos manifestar à Igreja Católica, que ultimamente apenas tem sido visada por uma razão que infelizmente é transversal à sociedade, esquecendo tudo quanto a Igreja, ao longo dos séculos, vem dando à humanidade pelo apoio social na saúde, no ensino, na ajuda aos desvalidos. Esse papel único da Igreja deve ter o reconhecimento também dos partidos políticos e têm seguramente do CDS. Quis dizer isso, com toda a clareza, ao senhor Cardeal-Patriarca, não desvalorizando o que é uma tragédia que tem que ver com pessoas. Mas não se pode ignorar tudo o resto que tem que ver com a Igreja enquanto instituição bimilenária fundamental à escala da humanidade", disse Nuno Melo.