As capelas Imaculada e Cheia de Graça, no seminário de Braga, venceram esta terça-feira o prémio atribuído pelo site de arquitetura ArchDaily, na categoria de arquitetura religiosa.
As duas capelas, situadas no seminário, são obra dos arquitetos António Jorge Fontes, Asbjörn Andresen e André Fontes e venceram após uma série de fases de votação pelos utilizadores do site.
Braga já tinha recebido um prémio ArchDaily de arquitetura religiosa em 2011, que foi atribuído à capela Árvore da Vida, da autoria do mesmo atelier de arquitetura.
O projeto, de 2016, “focou-se na recuperação da Capela Imaculada Conceição e do coro-alto, transformando-o num espaço reservado aos habitantes do Seminário – a Capela Cheia de Graça”, refere uma nota do gabinete de arquitetura Cerejeira Fontes.
“Aproveitou-se o pé direito total do espaço de intervenção e as paredes exteriores do mesmo, deixando a ‘pele’ de pedra existente que se manifesta de forma escultórica em torno das capelas”, salienta a descrição.
A capela “ergue-se em madeira, desde a estrutura de suporte até aos planos que lhe conferem o espaço, e é composta por várias peças de madeira, encaixando-se, criando uma estrutura equilibrada que se manifesta como uma floresta à entrada do espaço sagrado”.
“A sua copa cria um espaço reservado dedicado aos habitantes do Seminário, e os seus troncos um filtro entre o espaço profano e o espaço sagrado, permitindo ao visitante entregar-se ao espaço, entregar-se à dimensão dos sentidos”, assinalam os arquitetos.
As capelas são envolvidas por uma abóboda em betão, com a espessura de 12 cm e suportada uma estrutura em aço “quase impercetível”, “impondo-se simples, leve e suspensa no espaço, desafiando a sua própria materialidade”.
“Os rasgos na abóbada que se prolongam pelas suas paredes de betão criam momentos de abertura, permitindo filtrar a luz solar e conceder um rigor ‘quieto’ e maior dignidade aos elementos estruturais da cobertura”, lê-se na apresentação do projeto.
O conjunto arquitetónico “cria juntamente com os restantes elementos um espaço de absoluto ‘silêncio inquieto’ remetendo à introspeção, ao mesmo tempo que se destaca por uma “qualidade acústica superior”.
No fundo da capela “ergue-se um rasgo em mármore, retroiluminado naturalmente, transportando o espectador para outra dimensão física e espiritual”.
“Assim, pela sua composição e escala foi dado a este espaço um nível de inteligibilidade superior e uma dimensão espiritual, permitindo o diálogo entre o espaço, o indivíduo e o divino”, conclui a nota.
Entre os cinco finalistas da categoria de arquitetura religiosa do prémio ArchDaily encontrava-se o projeto do altar do santuário de Fátima.