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As diretrizes da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) sobre o abuso de menores e adultos vulneráveis "estão a ser revistas tendo em conta as sugestões e recomendações" do relatório final da Comissão Independente (CI).
A medida foi avançada esta terça-feira, em comunicado, pelos bispos portugueses, após uma reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, que contou com a presença, por via remota, de alguns membros da Comissão Independente.
"As Diretrizes da
Conferência Episcopal Portuguesa sobre o abuso de menores e adultos vulneráveis
estão a ser revistas tendo em conta as sugestões e recomendações do Relatório
Final, à luz do
manual de procedimentos (Vade-mécum) da Santa Sé, revisto em junho de
2022, o qual define o tratamento destes casos e que é seguido por todos os
responsáveis eclesiásticos", refere a CEP.
Os bispos portugueses acreditam que a Igreja está "num ponto sem retorno" em matéria de combate aos abusos sexuais de menores.
"Continuaremos a trabalhar, dando atenção aos muitos indicadores que estão presentes no Relatório Final" da Comissão Independente, sublinha a CEP.
Os bispos salientam que as vítimas de abusos sexuais "continuam a ser a nossa prioridade em todo este processo" e reafirmam a "disponibilidade para acolher e escutar as vítimas que o desejarem" e mantêm "o firme compromisso" de assumir as responsabilidades "e disponibilizar às vítimas todas as ajudas necessárias para o seu acompanhamento espiritual, psicológico e psiquiátrico, e outras formas de reparação do crime cometido".
A Igreja está a realizar contactos para criar o já anunciado "grupo responsável pelo acolhimento e acompanhamento das vítimas".
O comunicado assume a atitude de "tolerância zero perante as situações de abusos" por parte da Conferência Episcopal, "respeitando a autonomia de cada Diocese que faz parte da identidade e da presença da Igreja Católica em cada país, também o nosso, onde queremos dar continuidade à missão evangelizadora da Igreja".
A reações dos católicos e de outros membros da sociedade portuguesa às decisões tomadas na Assembleia Plenária extraordinária de 3 de março foram também analisadas na reunião desta terça-feira, em Fátima.
"Gostaríamos de agradecer e dizer que valorizamos o escrutínio público. Estamos totalmente disponíveis para caminhar com toda a sociedade na erradicação do drama dos abusos sobre menores, no apoio permanente às vítimas e no julgamento dos agressores. Lamentamos que, diante da complexidade do tema, nem sempre tenhamos comunicado as nossas intenções com clareza", sublinha a nota da CEP.