O bispo do Porto, D. Manuel Linda, alerta para o perigo da eutanásia poder representar "um terrivel abaixamento do barómetro moral da sociedade com consequências que podem ser dramáticas".
Num encontro com jornalistas, a propósito do Dia Mundial das Comunicações Sociais que se celebra domingo, D. Manuel Linda quis revelar a sua reflexão face a processo legislativo em curso sobre a morte assistida, um "pequeno contributo para um diálogo cultural sério",.
D. Manuel Linda defende que a criação da legislação sobre a eutanásia pode enfraquecer a sociedade, porque "a eutanásia representa um terrível abaixamento do 'tónus' moral da sociedade, com consequências que, a médio prazo, podem ser dramáticas”.
"O que mais deveria preocupar os dirigentes sociais é o desaparecimento da ética”, sublinhou o bispo que tomou posse a 15 de Abril, para quem a eutanásia “exprime uma mentalidade que tem a ver com a própria conceção da pessoa e da sociedade”.
Para D. Manuel Linda, esta questão “manifesta uma cultura que parece cansada, demitida de procurar a verdade e o bem, reduzida ao simplismo demissionário do mais fácil, que corre o risco de conduzir à desagregação social”.
Na sua nota, o bispo do Porto pergunta “se, quando alguém diz que quer morrer, essa linguagem é unívoca ou não estará antes a lançar um grito de acusação àqueles que, 'criminosamente', lhe negam o conforto e a proximidade afetiva”, rematando: "Os modernos analgésicos suprimem praticamente toda a dor física."
D. Manuel Linda sustenta que problemas como, por exemplo, o da pobreza em Portugal, deveriam estar no centro das preocupações da sociedade, dado que “no preciso momento em que este assunto passou para a ordem do dia, a comunicação social está a referir um dado profundamente monstruoso: que, nos cerca de nove milhões de portugueses, dois milhões e quatrocentos mil ou são pobres ou estão em risco de pobreza”.
"Esse, sim, deveria ser o tema a preocupar os dirigentes sociais”, enfatiza D. Manuel.
No encontro com os jornalistas, D. Manuel Linda revelou o seu particular empenho nos processos de canonização do padre Américo de Aguiar, fundador da Casa do Gaiato, e de D. António Barroso, antigo bispo do Porto, cujo centenário da morte se celebra a 31 de Agosto.