Bruma, Dany Mota, Diogo Leite, Francisco Conceição, Francisco Trincão, João Mário, João Neves, Jota Silva, Nélson Semedo e Toti Gomes têm em comum, entre outras coisas, serem os 10 jogadores convocados para a dupla jornada internacional com menos minutos pela seleção na fase de qualificação. Alguns a estrearem-se, outros a regressarem e todos a tentarem ganhar o seu espaço na convocatória para o Euro 2024.
Roberto Martínez abriu a porta da seleção a 32 jogadores. Venceu a Suécia e despenhou-se brutalmente na Eslovénia. Dissecados os jogos um pouco por toda a parte, importa perceber qual foi afinal a razão para tão extensa convocatória.
Aos 32 foi dada a legítima oportunidade de mostrar de bem perto aquilo que eram capazes. Na qualificação, entre os 10 jogadores que referi, jogaram-se um total de 10 jogos e cerca de 300minutos. Pouco, se pensarmos que se disputaram 900 minutos de qualificação, excluindo compensações. Há ainda alguns jogadores sobre os quais me poderia debruçar e que certamente não terão lugar garantido no Euro.
Começo pelo duelo com a Suécia e destaco Nélson Semedo. Terminou o jogo com duas assistências e muita confiança a jogar no papel em que se sente mais confortável. A fazer a linha toda relegou a participação de João Mário para uns curtos 8 minutos finais, insuficientes para convencer Martínez de algo.
Toti Gomes, dispensado para a segunda partida, ocupou a posição de lateral esquerdo, com a dupla missão de ser um defesa central na construção. Aproveitou o seu pé esquerdo para dar soluções em passe, mas teve algumas dificuldades para travar Kulusevski. Foi dispensado para o segundo jogo e parece-me que está atrás de Gonçalo Inácio e até de Nuno Mendes, que considero sofrer uma castração absoluta ao jogar naquelas funções.
João Neves, que tem sido regular nas convocatórias, fez 30 minutos, tal como Jota Silva, que se estreou no seu D. Afonso Henriques. João Neves mostrou a maturidade que lhe é característica e muito critério com e sem bola. Já Jota, apesar da boa oportunidade logo após entrar, passou mais tempo a fazer movimentos do que propriamente com bola. Os nervos foram os próprios de quem vestiu a camisola das quinas pela primeira vez. A posição de ponta de lança que terá estranhado oferece-nos um indicador menos positivo face à sua chamada em junho. Voltaram os dois a entrar juntos em Ljubiliana, mas bem perto do fim e sem expressão no jogo.
Já Bruma fez de Rafael Leão, com menos qualidade, somando ainda um golo. A partir da esquerda, tentou desequilibrar a balança do treinador a seu favor, sem grande sucesso.
Do segundo jogo, contra a Eslovénia, não se tiram grandes ilações de nenhum a não ser de Francisco Conceição. Agressivo defensivamente, não fez o melhor jogo com a bola nos pés e a derrota caricata prejudicou a sua demanda de ir à Alemanha. A Diogo Leite, Trincão e Dany Mota resta esperar por uma próxima oportunidade para jogarem para Roberto Martínez.
Se excluirmos os três jogadores convocados que não atuaram e juntarmos-lhes João Mário que fez apenas oito minutos, sobram-nos seis jogadores. Desses, Jota Silva jogou, mas fora de posição e por isso talvez seja mais facilmente descartado. Bruma e Francisco Conceição competem por vagas no ataque que em condições normais pertencerão a Ronaldo, Gonçalo Ramos, Leão, Bernardo, Jota e Félix.
Sobram Toti Gomes, que terá Gonçalo Inácio como prioritário no seu posto, Nélson Semedo, que luta avidamente pelo posto com Dalot (e parece ter ganho pontos ao lateral do United depois da exibição frente à Suécia), e João Neves, que, desta lista, parece-me ser o jogador com aspirações mais legítimas de fazer parte dos convocados de Roberto Martínez para a fase final disputada na Alemanha.
Eram 10 que queriam fazer parte dos 23 e pode até não ir nenhum. A matemática é confusa, mas deve ser boa para o selecionador. Nunca Portugal teve tantas e boas opções à disposição.