Não quero ir para onde os ventos das tempestades me querem levar. Hei de criar raízes cada vez mais fundas... e esperar com paciência pela brisa que me há de abraçar, sarando-me as feridas e trazendo-me a paz que busco.
Vou errar muitas vezes, depois arrepender-me-ei de cada uma delas.
Vou orientar o meu caminho pela fé, porque mesmo quando eu falho, a sua luz não deixa de me resgatar das trevas.
A vida é sempre a subir. É duro que assim seja, mais ainda quando a queda no abismo está quase sempre a apenas um passo... para trás.
Mas o que mais importa na existência é chegar mais alto.
Comecei a escrever quando era adolescente. Lembro-me de me aplicar com afinco em apurar as técnicas de composição de cartas e contos... prosas poéticas que buscavam as profundidades do coração, sob a forma de pequenos textos.
Mais tarde, fui estudando a questão da morte e do sentido da existência, ao mesmo tempo que conjugava os estudos de filosofia com investigações mais ou menos livres sobre as diferentes espiritualidades. Procurei também aprender o possível sobre a fé cristã. Mas quis sempre escrever, porque gosto. Sendo que, talvez por razões não tão nobres, gosto muito de ser lido. Talvez por julgar que as minhas escritas podem servir a alguém e, portanto, são uma forma de ajuda que dou. Não se trata nunca de uma autoajuda, mas de um incentivo ao amor, que é o contrário da autoajuda, mas que obtém o que ela apenas promete.
No dia 1 de abril de 2011 escrevi a minha primeira crónica semanal no jornal i. Desde essa semana até hoje, e sem qualquer exceção, escrevi e publiquei uma nova crónica a cada semana. Cumprem-se sete anos.
Não vou deixar de escrever. Não vou deixar de publicar a cada semana. Mas vou mudar. Creio ser o tempo certo para isso.
Deixarei de publicar na Renascença, na esperança de um dia voltar.
Apostarei em outros formatos, comentários à atualidade, também em palavras ditas – que sempre são mais soltas... Na minha página de facebook darei todas as novidades.
Agradeço a quem me lê, muito. Se não me lesse, eu talvez não escrevesse e, se não escrevesse eu não seria quem sou. Obrigado, pois a todos o que me permitem ser quem sou.
Um dos equívocos que mais vezes me acontecem prende-se com o facto de algumas pessoas julgarem que, pelo que escrevo, serei alguém com mais virtude do que o normal! Errado. E não é falsa modéstia. É a realidade. Gosto de escrever e aprendi a seguir uma linha que pode fazer com que pareça que a sabedoria do que escrevo vem de mim. Não vem. O que de bom escrevo, não são ideias minhas, são registos do que me é dado saber e sentir.
Tenho a certeza, absoluta, de que cada uma das pessoas que lê os meus textos tem um dom. Algo que lhe permite ter mais paz e ser quem é, com autenticidade e de forma profunda. Pode ser qualquer coisa, é possível que seja algo como cortar madeira ou admirar o mar ao mesmo tempo que prega botões. Andar pela cidade ou admirar a beleza toda que há numa árvore.
Não importa o que seja o seu dom, o importante é que o cumpra. Não o fazer é passar pela vida sem viver. É sobreviver sem existir. É perder a única hipótese de ser quem é. É ter uma vida sem sentido.
Não deixe de o fazer. Pelos que ama. Pelo mundo.
A felicidade não é algo que se adquira. É o que acontece, de forma natural, quando chegamos a cumprir os nossos dons. A ser quem podemos ser de melhor. Implica trabalho, sacrifícios e fracassos. Muitos, muitos. Sim, a vida é sempre a subir. Mas afinal, que importa isso quando o que queremos é o céu?
O céu é o lugar onde estão as nossas sementes e raízes.