Os Estados Unidos estão a poucas horas de um “shutdown”, devido a falta de entendimento no Congresso de Washington para financiar o Governo.
Se republicanos e democratas não chegarem a acordo, os serviços federais vão começar a sofrer cortes a partir das 00h00 de domingo.
Este sábado vai ser realizada uma nova votação na Câmara dos Representantes, mas os republicanos mais radicais poderão impedir a aprovação e lançar os EUA num “shutdown”.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, tenta agora assegurar um entendimento temporário.
A proposta é uma "resolução de continuidade" que inclui um período de 45 dias para financiar os serviços federais e inclui ajuda para áreas afetadas por desastres naturais, o que representa uma mudança radical na estratégia de McCarthy.
Porém, será necessário o apoio de dois terços da Câmara de Representantes para que seja aprovado, de acordo com o regulamento do Congresso, uma vez que foi tramitado com urgência por meio de um mecanismo conhecido como "suspensão da regulamentação".
Isto significa que a proposta Republicana precisa de um apoio significativo tanto das suas fileiras, que detêm a maioria da Câmara, como entre os congressistas Democratas, para conseguir evitar a paralisação do Governo, que à falta de entendimento entre os partidos se inicia no domingo.
A iniciativa não inclui mudanças na política de fronteiras, rejeitadas pelos Democratas, nem financiamento para o apoio à Ucrânia na resistência à invasão russa, o que constituía uma das reivindicações dos Republicanos, que criticam o Presidente Joe Biden pelos seu empenho nessa ajuda.
McCarthy anunciou a proposta após uma reunião de quase duas horas à porta fechada.
"Vamos votar um 'remendo' de financiamento para que o Estado continue a funcionar por mais 45 dias e para que Câmara e Senado possam fazer o seu trabalho", explicou o líder da maioria Republicana.
O plano também inclui financiamento para "os desastres na Florida, o horrível incêndio no Havai e também os desastres na Califórnia e em Vermont".
"Vamos manter o Estado a funcionar enquanto continuamos a trabalhar para acabar com o desperdício e, o mais importante, para garantir a segurança da nossa fronteira", argumentou McCarthy.
Várias fontes citadas pelos 'media' norte-americanos indicam que caso a iniciativa não seja aprovada, os próprios Republicanos planeiam apresentar diversas iniciativas para mitigar os efeitos da paralisação do Governo.
No entanto, a proposta apresentada por McCarthy expõe o líder da Câmara a ameaças dos conservadores mais radicais, como Matt Gaetz, que exigiu que aquele não apresentasse uma "resolução de continuidade" à votação.
"Se eles querem expulsar-me porque quero ser o adulto na sala, que vão em frente e tentem. Mas acho que o importante é o país e estarei com o nosso Exército, estarei com os nossos agentes de fronteira e irei estar com quem precisa de receber medicação", prometeu McCarthy, referindo-se a vários serviços e setores que serão afetados pela paralisação do Governo, que começará no domingo, se não houver um entendimento entre os dois partidos.
Alguns Democratas já manifestaram a sua vontade de apoiar a proposta de McCarthy, como Dan Kildee, enquanto congressistas Republicanos alertaram que a Casa Branca está a procurar uma paralisação para se vitimar e poder culpar a oposição.