O presidente da Câmara de Comércio e Indústria defende que Portugal precisa de um plano B para a eventualidade de um Brexit. Em declarações à Renascença, a dois dias do referendo no Reino Unido, Bruno Bobone considera que a eventual saída da União Europeia poderá ser o primeiro passo da destruição do projecto europeu tal como o conhecemos.
“Se houver um Brexit, dificilmente a Europa se manterá a funcionar como tem vindo a ser até aqui. A probabilidade de que haja outras saídas torna-se muito presente. Se isso for para a frente, destrói-se a Europa. Se se destruir a Europa, Portugal deve estar preparado para fazer um acordo muito forte com o Reino Unido, porque foi sempre o nosso apoio em termos internacionais.”
Bruno Bobone sugere que a diplomacia portuguesa trabalhe desde já num acordo comercial com a Commonwealth, o conjunto das ex-colónias do império britânico. “Portugal tem um interesse estratégico para o Reino Unido que é a sua entrada na Europa continental e tínhamos de aproveitar isso para beneficiarmos dessa relação. Se for por esse caminho, eventualmente conseguir uma entrada no Commonwealth, onde teríamos em vez de uma associação europeia, uma associação mundial.”
Falando sobre eventuais consequências económicas para Portugal, Bruno Bobone diz não acreditar nas estimativas do FMI que antecipa perdas entre os 0,2 e os 0,5% caso se concretize o cenário de um Brexit.
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria prefere ser pragmático e diz que, mais importante do que avaliar impactos, é arranjar alternativas.