A Associação Nacional de Farmácias (ANF) defende a possibilidade de os farmacêuticos poderem adaptar as prescrições sem, com isso, alterarem a orientação clínica.
A ideia é avançada à Renascença, pela presidente da ANF, Ema Paulino como forma de mitigar os efeitos da escassez de medicação que se faz sentir no país.
“O farmacêutico ter mais capacidade para substituir, não a intenção do médico, mas trocar uma embalagem pequena por uma grande, ou, trocar em termos de formulações”, propõe. “Em vez de a pessoa tomar um xarope, tomar um comprimido, ou vice-versa”, exemplifica.
Ema Paulino lembra que “há países que foram mais longe” e adotaram “protocolos que estabelecem que, em situação de falha de um determinado medicamento, este pode ser substituído por outro similar”, explica.
Uma medida que a responsável pela ANF acredita que poderia ter um “impacto muito positivo” nas pessoas numa altura em que a falta de medicação se reflete “forma transversal” nas farmácias.
“Continuamos a sentir todos os dias nas farmácias dificuldade de acesso a alguns medicamentos nas mais variadas tipologias”. “Uma situação que não se tem alterado significativamente nos últimos meses”, reconhece Ema Paulino, que culpa o contexto internacional pela atual dificuldade de acesso a determinados medicamentos.
“O contexto pós pandémico e a guerra na Ucrânia fez com que as cadeias de abastecimento sofressem muitas disrupções”, reconhece. Por outro lado, há “uma readaptação das próprias fábricas de produção para categorias de medicação que não estavam a produzir e que, por sua vez, diminuíram a produção de outros que, durante este período de pandemia, não foram tão necessários como é o caso dos medicamentos para infeções respiratórias, antibióticos”.
A dependência de fábricas na India e na China é outro fator que pode justificar a falta de medicamentos em Portugal e na Europa. Uma realidade, diz Ema Paulino, “já tem vindo a ser discutida” internacionalmente desde 2012.
E porque “problemas semelhantes poderão surgir por variadas razões”, Ema Paulino alerta para a necessidade de se reforçar “os mecanismos de comunicação entre profissionais de saúde e os reguladores de forma a identificar e prevenir atempadamente as falhas de medicamentos”, remata.