“Curar as feridas da guerra” é o objetivo da campanha de ajuda à Ucrânia que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a promover neste tempo de Quaresma.
De acordo com Catarina Bettencourt, diretora do secretariado nacional da Fundação AIS, a iniciativa que visa ajudar a “curar as feridas da guerra de uma população traumatizada”, quer ser também “um sinal de solidariedade” para com “o trabalho concreto da Igreja que está a ajudar um povo exausto, mas determinado a não desistir”.
Na informação que está a ser enviada aos benfeitores da AIS
em Portugal – e que pode ser lida também no
site da instituição, a
responsável do secretariado reforça a importância de toda a ajuda que possa ser
canalizada para o país vítima de
“irracionalidade humana e de destruição”.
A campanha surge na sequência de uma visita de trabalho à Ucrânia e que permitiu à equipa da AIS contactar com diversas dioceses e com dezenas de sacerdotes e religiosas.
Os dados recolhidos permitiram perceber um país “absolutamente em choque”, sublinha Catarina Bettencourt, assinalando que além da destruição causada pela guerra e da pobreza em que vivem as populações, especialmente nas zonas mais atingidas pelos combates, nota-se um sentimento de orfandade.
As populações “sentem-se esquecidas pelo resto do mundo”, diz a diretora da AIS.
A equipa da fundação pontifícia escutou inúmeros relatos, histórias difíceis, trágicas, e deixou uma garantia a todas estas pessoas que abriram os seus corações, que confessaram o medo em que vivem, a angústia de terem perdido praticamente tudo o que tinham.
“Prometemos que contaríamos as suas histórias e que não as esqueceríamos”, explica a responsável do secretariado português da AIS. É para estas populações “em choque” que se está a lançar mais esta grande campanha internacional de solidariedade.
“Se no início do conflito as portas das igrejas e dos conventos se abriram para acolher os deslocados que fugiam dos mísseis e dos ataques, agora tornaram-se lugares onde se pode chorar e curar os traumas”
A fundação pontifícia explica, dando exemplos concretos, como é que a Igreja da Ucrânia está a lidar com a guerra, como se tem vindo a mobilizar no apoio aos feridos, às famílias enlutadas, aos que estão deslocados, aos que choram os seus ente-queridos, como se auxiliam as viúvas, os órfãos.
São padres e irmãs que “socorrem milhares de pessoas, material e humanitariamente, e oferecem apoio psico-espiritual a doentes, feridos e familiares de falecidos, partilhando com eles o trauma do horror da guerra”, realça Catarina Bettencourt.
Para a AIS, numa altura em que os sinais são de recrudescimento de ofensivas militares em várias frentes da guerra, torna-se mais urgente do que nunca apoiar este esforço da Igreja junto do povo ucraniano.
Um esforço que “não será possível sem a ajuda de cada um de nós”, diz a diretora do secretariado português da Fundação AIS.
“Não os podemos abandonar. Que os nossos irmãos na Ucrânia sejam uma parte importante da nossa Quaresma. A nossa ajuda, jejum e oração irão aliviar o seu sofrimento. Ajude-os a levar a sua cruz”
A fundação pontifícia lembra que desde fevereiro de 2022, quando começou a invasão da Ucrânia, já apoiou a Igreja da Ucrânia com mais de seis centenas de projetos que representam um valor de mais de 15 milhões de euros.
“Uma onda de solidariedade que não pode parar. Porque a guerra também continua… E todos os dias chegam até nós notícias de mais destruição, de mais violência, de mais feridos e mortos”, conclui.