​Reações diferentes à falta de liberdade
27-12-2024 - 06:01

Antes do Natal, Xi Jinping visitou Macau. Quem vive em Macau tem hoje muito mais dinheiro no bolso, mas dispõe de menos liberdade cívica. Evolução semelhante terá ocorrido em Hong Kong. A China não é um país democrático.

O presidente da China, Xi Jinping, esteve em Macau três dias antes do Natal. Saudou o crescimento económico daquele território e apelou a uma maior diversificação numa economia muito dependente do jogo.

Em 1984 a China e o Reino Unido assinaram um acordo para a transferência de Hong Kong da soberania britânica para a chinesa. O acordo previa que, pelo menos durante um período de 50 anos, a Hong Kong poderia aplicar-se o princípio “um país, dois sistemas”. Poucos anos depois, seguir-se-ia Macau, alvo de um acordo semelhante.

Quem vive em Macau tem hoje muito mais dinheiro no bolso, mas dispõe de menos liberdade cívica e política. Evolução semelhante terá ocorrido em Hong Kong.

Há, porém, uma importante diferença entre Macau e Hong Kong. Macau foi governado por um país, Portugal, onde até abril de 1974 não existiam, na prática, liberdades cívicas e democráticas. Pelo contrário, no Reino Unido desde há séculos que essas liberdades existem e são valorizadas.

Esta diferença explica que Hong Kong tenha reagido fortemente contra a diminuição das liberdades, imposta pela China, ao passo que em Macau não se vê forte reação ao que é, de facto, uma violação do acordo de Portugal com a China.

Entre as reações pró-democracia em Hong Kong destacou-se o seu último governador britânico, Chris Patten. Já será mais difícil encontrar do lado português quem se tenha batido pelas liberdades em Macau.

Depois de derrubado o regime autoritário em 25 de abril de 1974, os políticos portugueses quiseram descolonizar e livrar-se de Macau, não se preocupando com a erosão das liberdades naquele território, que se acentuou nas últimas décadas.