Distanciamento social. Investigadores dizem que gotículas "podem espalhar-se até sete ou oito metros"
26-08-2020 - 00:05
 • Renascença com Lusa

O distanciamento deve ser usado "em combinação com outras estratégias para reduzir o risco de transmissão, incluindo lavagem das mãos, limpeza regular das superfícies, equipamento de proteção e coberturas faciais quando apropriado, estratégias de higiene do ar e isolamento dos indivíduos afetados".

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As regras rígidas de distanciamento social como medida de prevenção da covid-19 baseiam-se em ciência desatualizada, defendem investigadores da Universidade de Oxford num artigo publicado terça-feira no jornal médico BMJ.

De acordo com os especialistas, as regras de contenção do novo coronavírus devem refletir melhor os vários fatores que se conjugam para influenciar o risco de transmissão da doença.

"Regras que estipulam uma única distância física específica (um ou dois metros) entre as pessoas para reduzir a disseminação de covid-19 são baseadas em ciência desatualizada e experiências de vírus anteriores", argumentam os investigadores.

Tais regras, sustentam, são baseadas numa "dicotomia simplista" que descreve a transmissão viral por gotículas grandes ou pequenas emitidas isoladamente, "sem levar em conta o ar exalado", de acordo com Nicholas Jones, da Universidade de Oxford, e os colegas.

Na realidade a transmissão é mais complexa, envolvendo "um contínuo de gotículas de diferentes tamanhos e um papel importante do ar que as carrega", explicam os investigadores.

"As evidências sugerem que pequenas gotículas transportadas pelo ar carregadas com covid-19 podem viajar mais de dois metros impulsionadas por tosse e gritos, e podem espalhar-se até sete ou oito metros concentradas no ar exalado por uma pessoa infetada", lê-se num comunicado hoje divulgado.

Assim, os peritos alertam que as regras de distanciamento social devem ter em conta os vários fatores de risco, incluindo o tipo de atividade, ambientes internos e externos, o nível de ventilação e se são usadas proteções faciais.

A carga viral do emissor, a duração da exposição e a suscetibilidade de um indivíduo à infeção também são importantes, acrescentam.

"Isso proporcionaria maior proteção em ambientes de maior risco, mas também maior liberdade em ambientes de menor risco, permitindo um potencial retorno à normalidade em alguns aspetos da vida social e económica", escrevem os autores do trabalho.

Por exemplo, nas situações de maior risco, como um bar ou uma discoteca lotados, o distanciamento físico além de dois metros e a minimização do tempo de ocupação devem ser considerados, enquanto um distanciamento menos rigoroso provavelmente será adequado em cenários de baixo risco.

Os peritos dizem que é preciso mais trabalho para examinar as áreas de incerteza e estender o guião para desenvolver soluções específicas para diferentes ambientes internos e os vários níveis de utilização.

O distanciamento físico deve ser visto como "apenas uma parte de uma abordagem mais ampla de saúde pública para conter a pandemia de covid-19" e concluem: "Deve ser usado em combinação com outras estratégias para reduzir o risco de transmissão, incluindo lavagem das mãos, limpeza regular das superfícies, equipamento de proteção e coberturas faciais quando apropriado, estratégias de higiene do ar e isolamento dos indivíduos afetados."