O cardeal australiano George Pell morreu esta terça-feira, aos 81 anos, na cidade do Vaticano.
O antigo Arcebispo de Melbourne terá falecido em resultado de complicações na sequência de uma operação à anca.
O cardeal George Pell foi "ministro" das Finanças do Vaticano até 2017.
Abandonou o cargo para ser julgado na Austrália por abusos de menores.
O cardeal Pell foi condenado em 2018 por alegados abusos a dois rapazes na sacristia da Catedral de São Patrício, em 1996, quando era arcebispo de Melbourne. Passou 13 meses na cadeia, antes de ser libertado.
O prelado negou sempre ter cometido qualquer abuso contra os menores e, dois anos depois, e recorreu da sentença. O Supremo Tribunal da Austrália deu-lhe razão e todas as acusações foram retiradas, por falta de provas.
Numa entrevista após ter sido ilibado, o cardeal Pell garantiu não guardar ressentimento e perdoou aos que o caluniaram.
O ex-responsável do Papa para a economia considerou-se vítima de uma onda mediática de acusações e alvo da calúnia popular, sobretudo no estado de Vitória, onde decorreu todo o processo.
O cardeal Pell reconhece ter sido o “bode expiatório” de uma tendência crescente, na Austrália e não só, de “uma atitude anticatólica muito agressiva que crítica os fundamentos judaico-cristãos da sociedade, nomeadamente, sobre o casamento, a vida, a família e questões de género e de sexo”.
Em outubro de 2020, o Papa Francisco recebeu em audiência privada o prelado australiano e terá agradecido o seu testemunho durante os últimos anos.
Pell liderou um esforço para limpar as finanças do Vaticano, atingidas por vários escândalos nos últimos anos, quando as acusações contra ele e o início de um processo judicial o obrigaram a regressar à Austrália.
Durante o tempo em que esteve em Roma teve como grande opositor um cardeal italiano, Giovani Angelo Becciu, que conseguiu boicotar várias das suas medidas, incluindo uma auditoria às contas de todos os departamentos da Santa Sé.