O secretário-geral das Nações Unidas mostrou-se frustrado por o mundo estar “a perder” a luta contra as alterações climáticas e a condenar países a uma “sentença de morte”.
"Estou profundamente frustrado com o facto de os líderes mundiais não estarem a prestar a esta emergência, uma emergência de vida ou de morte, a ação e os investimentos necessários. Estamos perante a luta das nossas vidas e infelizmente estamos a perdê-la", afirmou António Guterres, numa declaração após reunir-se no Mindelo, ilha de São Vicente, com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.
"As emissões continuam a aumentar, as temperaturas não param de subir, estamos prestes a ultrapassar o limite de 1,5 graus e se nada for feito a caminho, na direção, dos 2,8 graus de aquecimento global até ao final do século. Seria uma catástrofe de consequências devastadoras. Várias partes do nosso planeta seriam inabitáveis, particularmente em África, e para muitos, esta seria uma sentença de morte", enfatizou.
Para o secretário-geral das Nações Unidas o momento é de "mais solidariedade" e de "maior sentido de urgência e mais ambição".
"E precisamos de Justiça para aqueles que, como Cabo Verde, praticamente nada fizeram para provocar esta crise, mas pagam por causa dela um preço muito elevado. Cabo Verde tem demonstrado liderança climática em palavras e ações", apontou.
António Guterres iniciou hoje uma visita de três dias a Cabo Verde, no âmbito da Ocean Race, a maior regata do mundo que de 20 a 25 de janeiro faz escala na ilha cabo-verdiana de São Vicente, participando na segunda-feira, também no Mindelo, na Ocean Summit.
Ainda hoje, depois da reunião com o chefe do Governo cabo-verdiano, António Guterres participa ainda no evento "Speaker Series", com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.