O Governo da Nicarágua ordenou o fecho de sete estações de rádio católicas ligadas a um bispo que tem criticado o Presidente do país, Daniel Ortega.
O bispo D. Rolando Alvarez, que atua como coordenador da rádio e lidera a remota Diocese de Matagalpa, anunciou o encerramento na segunda-feira.
Numa publicação no Twitter, o prelado deu conta que “todas as nossas estações de rádio foram fechadas”, assegurando, no entanto, que “não cancelarão a palavra de Deus”.
As emissoras, cuja programação era transmitida através de televisão por assinatura, estão a cargo de D. Álvarez, bispo de Matagalpa e administrador da Diocese de Estelí, que no último mês de maio denunciou ser vítima de perseguição pela Polícia Nacional, cujo comandante supremo é Ortega.
Na cidade de Sebaco, no norte, os protestos eclodiram depois que um padre, Uriel Vallejos, se ter recusado a entregar o equipamento de rádio e pediu ajuda aos paroquianos através de uma transmissão de vídeo ao vivo no Facebook.
Segundo a agência de telecomunicações nicaraguense, as estações de rádio não cumpriam os requisitos técnicos para estarem no ar, não especificando, no entanto, quais eram esses requisitos.
As relações entre a Igreja Católica e o Governo Ortega deterioraram-se desde 2018, altura em que se verificaram protestos contínuos contra o governo do Presidente e uma repressão subsequente por parte do Governo.
Ortega, por exemplo, classificou de "terroristas" os bispos nicaraguenses que atuaram como mediadores de um diálogo nacional que buscava uma solução pacífica para a crise que o país vive desde abril de 2018.
Além disso, os descreveu os bispos como “golpistas”, tendo-os acusado de serem cúmplices de forças internas e grupos internacionais que, em sua opinião, atuam na Nicarágua para o derrubar.
A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, que se acentuou após as polémicas eleições gerais de 7 de novembro do ano passado, nas quais Ortega foi reeleito para um quinto mandato, o quarto consecutivo e o segundo com a esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente, com seus principais opositores na prisão.
[título corrigido - encerradas sete e não seis rádios]