O debate nacional sobre ambiente conheceu esta semana um novo capítulo. Na última página do jornal “Público” dois comentadores – João Miguel Tavares e Carmo Afonso – deram respostas contrárias sobre a relação entre a defesa do ambiente e o capitalismo.
O primeiro diz-se defensor do ambiente, mas rejeita ser anticapitalista; pelo contrário, a segunda entende que um verdadeiro ambientalista só pode rejeitar o capitalismo. É um tema interessante, sobre o qual gostaria de adiantar um breve comentário.
A experiência histórica não favorece o anticapitalismo. É que a maior experiência anticapitalista da história – o comunismo soviético – deixou uma trágica herança em matéria de ambiente.
O fatal desastre na central nuclear de Chernobyl em 1986 lançou na atmosfera radioatividade que matou milhares de pessoas, na altura da explosão e nos anos seguintes. Em países tão distantes como a Noruega e o Reino Unido foram sentidos os efeitos da radioatividade proveniente de Chernobyl.
Nas décadas de 30 e 40 do século XX o partido comunista russo perseguiu os defensores do ambiente. E mais tarde a ânsia de conseguir uma rápida industrialização levou a esquecer preocupações com a ecologia.
Também se pode observar a outra grande ditadura comunista, na China. O partido comunista chinês está hoje preocupado com o ambiente. Mas o nível de poluição em muitas cidades chinesas é aterrador. Em algumas delas mal se vê o sol.
Claro que o capitalismo conta com inúmeras situações lamentáveis em matéria de ambiente. Mas, pelo menos, na maioria dos países capitalistas a democracia funciona e é possível afastar pacificamente do poder os políticos mais negativos para o ambiente.
Aconteceu agora no Brasil.