O único português que ainda permanece em Cabul deverá deixar o Afeganistão nesta quarta-feira de manhã. O anúncio é feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
Augusto Santos Silva, que nas últimas horas esteve em dois canais de televisão portugueses, adiantou também que Portugal está disponível para receber, no imediato, 50 afegãos que tenham colaborado com a União Europeia e com a NATO no Afeganistão.
“No quadro da União Europeia, foi pedido a todos os Estados-membros que participassem num primeiro esforço para garantir que várias centenas de pessoas que colaboraram com o serviço europeu de ação externa e com a embaixada europeia em Cabul fossem protegidas. Nós já indicámos a nossa disponibilidade para receber imediatamente 20 dessas pessoas. Já hoje [terça-feira], na reunião dos embaixadores da NATO, um esforço paralelo foi feito e nós também avançámos com uma primeira proposta de três dezenas a acolher imediatamente em Portugal”, afirmou em entrevista à TVI24.
Em declarações na RTP, Augusto Santos Silva garantiu que o Governo está atento ao desenrolar dos acontecimentos, mas que para já vai adotar uma posição de “esperar para ver”.
Santos Silva participou, na terça-feira, na reunião extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que decidiu dar prioridade à retirada de cidadãos europeus e afegãos que colaboraram com a NATO e o Ocidente.
No final da reunião, o Alto Comissário para a Política Externa, o catalão Josep Borrell, afirmou que “os talibãs ganharam a guerra” no Afeganistão e agora há que “falar com eles”.
“Temos de falar com eles, de modo a encetar um diálogo tão cedo quanto possível”, afirmou, esclarecendo mais tarde, depois de interpelado pela correspondente afegã em Bruxelas, que tal não significa que a União Europeia vá reconhecer o novo regime talibã.
“Só disse que temos de falar com eles para tudo, até para tentar proteger mulheres e raparigas. Até para isso temos de entrar em contacto com eles”, afirmou, deixando a garantia de que a UE vai utilizar toda o seu “poder económico e político” na defesa do povo afegão e dos direitos humanos.